Milho híbrido
As autoridades moçambicanas dizem ser fundamental apostar na melhoria da eficiência na produção agrícola, de modo a que o país seja cada vez mais competitivo, tirando partido do seu enorme potencial agrícola. “Temos que melhorar a nossa eficiência e esta é que deve ser a aposta para o futuro”, disse ontem à AIM o director nacional de Extensão Agrária, Momed Valá.
Segundo aquele responsável, a vizinha África do Sul produz, actualmente, uma média de seis a sete toneladas de milho híbrido por hectare, contra quatro toneladas/ha de Moçambique.
Valá realçou que “toda a produção sul-africana é na base de híbridos e Moçambique, também utilizando híbridos, produz quatro toneladas, mas com variedades normais como Matuba e outras, estamos a fazer 1.8 tonelada/ha”.
Considerou que o “know how” já existe, “o que precisamos é de melhorar cada vez mais a nossa eficiência na produção, e só assim é que podemos ser mais competitivos”.
“Actualmente, qualquer produção sul-africana é feita em regime de regadio, mas, infelizmente, Moçambique ainda tem 97 a 98 por cento da sua população agrária a produzir em regime de sequeiro, porque ainda são diminutas as benfeitorias para o sistema de irrigação”, frisou.
Contudo, destacou que neste domínio “estamos a crescer, pois, na campanha passada, atingimos 1.728 hectares, em termos de construção e reabilitação de regadios”, um pouco por todo o país. Refira-se que, presentemente, Moçambique conta com 28 mil hectares de terra irrigável para culturas alimentares.
Segundo Valá, a irrigação em Moçambique é muito cara, esclarecendo que dependendo da zona de localização do regadio, reabilitar um hectare custa, em média, três a sete mil dólares.
Apontou, por exemplo, o regadio de Tewe, na província central da Zambézia, onde reabilitar um hectare custa cinco mil dólares, contra 600 a 700 dólares/ha no Vietname ou na Índia.
“Mas dizer isto não é suficiente para a nossa sociedade, o maís importante é que todos nós estejamos determinados para aumentar a eficiência. Obviamente que o Governo tem também que aumentar a sua eficiência, quer na fiscalidade, quer na disponibilização de sementes”, sublinhou.
Valá revelou que este ano “houve um trabalho muito forte de investigação”, que resultou na libertação de 64 variedades de culturas diversas, incluindo arroz, milho, batata-reno e batata-doce, entre outras.
Segundo Valá, a África do Sul está a fazer actualmente 35 a 40 toneladas de tomate por hectare contra 30 a 35 toneladas/ha de Moçambique, com híbridos também.
Explicou que o país vizinho está a fazer, obviamente, uma agricultura mais comercial e os agricultores procuram melhores sementes, adubos e outros factores de produção, algo que começa a verificar-se também em Moçambique, particularmente no Chókwè, na província de Gaza, sul de Moçambique, onde os produtores de arroz dizem ter conhecimento de um local onde se vende adubo a um preço relativamente mais barato.
“Eu disse-lhes: avancem porque isso é importante, pois, estamos a preparar uma campanha de arroz que pretendemos seja das mais fortes, numa altura em que precisamos, de facto, de mudar o paradigma desta cultura”, sublinhou o director nacional de Extensão Agrária.
Relativamente à campanha agrícola 2011-2012 a iniciar-se em Outubro próximo, no país, Valá disse que a mesma deverá registar um crescimento de cerca de 9.1 por cento, sobretudo no que se refere a culturas alimentares.
Referiu ainda que a campanha 2010-2011 teve um crescimento de 6.7 por cento, “ao contrário daquilo que vinha acontecendo nas anteriores cinco campanhas, em que o incremento era em áreas de produção e não em produtividade”.
Valá esclareceu que o crescimento de sete por cento previsto para a próxima época agrícola, “deverá ser consentâneo com aquilo que são as perspectivas da própria sociedade moçambicana”, no contexto dos esforços para o incremento da produção de alimentos.
Entretanto, de acordo com o Plano de Acção para a Produção de Alimentos, a produção de milho na campanha 2010-2011 devia atingir as 2.245.907 toneladas, cifra que supera as necessidades do país em termos de consumo, estimadas em 1.917.022 toneladas.
Em termos de arroz, o país continuaria deficitário, tendo em conta um volume de produção estimado em 552.106 toneladas e as necessidades de consumo de 580.444 toneladas.
DIÁRIO DE MOÇAMBIQUE – 21.09.2011