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Por: Noé Nhantumbo, Beira
Ontem a cidade da Beira acordou outra vez sem água nas torneiras. A pergunta que se pode fazer é se foi novamente a Movitel que rompeu o tubo do Fipag.
Em nossa opinião, o Fipag precisa se reencontrar, caso contrário o seu funcionamento será ciclicamente deficitário.
A questão de gestão de um sistema de abastecimento de água é um assunto que requer capacidades acrescidas e uma adaptação constante a cenários muitas vezes desfavoráveis.
Não se pode entrar no jogo de atirar culpas para os outros sobre assuntos que nos dizem respeito.
Na Manga, Beira, a menos de 1000 metros dos tanques do FIPAG, ontem não estava saindo água, pelo menos no período da manhã.
Causas podem ser várias e decerto o FIPAG virá explicar aos utentes sobre a razão que os privou de água.
Quando situações similares se repetem num curto espaço de tempo há razão para se perguntar o que realmente está acontecendo.
Os utentes, as instituições públicas e privadas, os investidores não podem ter a sua vida e actividades executadas com normalidade e previsibilidade se a água com que contam não jorra nas torneiras.
É preciso que os gestores do sistema que serve a Beira se capacitem e se equipem com os meios adequados para enfrentar crises, avarias e todo o tipo de percalço que uma actividade como a sua tem ao longo do processo normal de actividades.
O que se pede não são justificações mas acções tendentes a eliminar os pontos fracos que levam a que o sistema não funcione a contento.
É preciso que o FIPAG faça um diagnóstico profundo de toda a sua cadeia de distribuição e que consiga eliminar os pontos fracos para que se dignifique e se honre a capacidade dos quadros nacionais em fazer coisas.
Se as paragens de fornecimento de água continuarem a repetir-se vão surgir vozes defendendo que os moçambicanos não possuem capacidade de cuidar de seus assuntos e que com a gestão estrangeira do sistema este tipo de coisas não aconteceria.
Auto-estima não é uma palavra morta e sem significado que se repete sem sentido prático.
O FIPAG, entanto que instituição moçambicana, tem a obrigação de tudo fazer para servir os consumidores de água sem interrupções, com qualidade e com eficiência.
No caso de avarias ou de interrupções programadas de fornecimento de água é preciso que o FIPAG aprenda a utilizar os demais canais de comunicação social para comunicar atempadamente sobre ocorrências anómalas no seu sistema.
Os cidadãos não podem andar de surpresa em surpresa e sem informação oficial do que está efectivamente acontecendo para não terem água nas torneiras.
Paga-se demasiado para ter um FIPAG funcionando.
Para além do pagamento directo da água que continua sendo feito em condições de filas intermináveis na Beira há que considerar que os investimentos públicos efectuados em toda rede de água acontecem com contribuição de todos os moçambicanos ao pagarem os seus impostos.
Neste sentido os funcionários do FIPAG a todos os níveis devem compreender e agir de forma a mostrar que entendem que sua instituição também nos pertence. Não queremos segredinhos e intrigas que minem a capacidade do FIPAG servir-nos. Queremos água todos os dias e isso não é um favor que o FIPAG nos faça…
O AUTARCA – 21.10.2011