A ENI-Moçambique East Africa, subsidiária da multinacional italiana ENI, anunciou ontem ter descoberto, num único furo efectuado até agora, reservas de gás natural com potencial de até 15 triliões de pés cúbicos, as maiores até aqui encontradas em Moçambique.
O furo, baptizado com o nome de “Mamba Sul 1”, localiza-se a cerca de 40 quilómetros da costa da província de Cabo Delgado. No local foram encontrados 212 metros de areias do Oligoceno de gás natural.
Esta descoberta da ENI acontece dias depois de o Governo e a multinacional petrolífera Anadarko-Moçambique terem confirmado a existência de reservas na ordem de 10 triliões de pés cúbicos de gás natural no furo de avaliação designado “Camarão”, aberto no âmbito das actividades de pesquisa em curso numa outra área sob concessão da companhia de origem norte-americana.
Um comunicado do Instituto Nacional de Petróleos esclarece que o novo furo da ENI decorre em águas profundas (1585 metros), tendo sido projectado para atingir a profundidade total de 5000 metros. As operações prosseguem, por forma a atingir-se a profundidade total projectada, devendo seguir-se a respectiva testagem.
Não foram revelados os valores envolvidos nesta operação, mas sabe-se que posteriormente, o navio Sonda Saipem 10 000 deverá proceder à abertura do “Mamba Norte 1”, o segundo furo de pesquisa projectado para a zona.
“A ENI e parceiros consideram que esta importante descoberta poderá conter no complexo “Mamba Sul” areias do terciário, cerca de 15 Tcf (triliões de pés cúbicos) de reservas potenciais, facto que será avaliado durante a presente campanha de perfuração”, lê-se no comunicado.
Segundo o mesmo documento, a confirmação destes possíveis volumes permitirão desenhar programas combinados em larga escala para exportação e fornecimento de gás ao mercado nacional, regional e internacional através de projectos de liquefacção e outros de natureza industrial.
Refira-se que com o gás confirmado na zona sob concessão da Anadarko está aberta a possibilidade de se projectarem dois módulos independentes de 5 milhões de toneladas de gás natural liquefeito por ano, contra apenas um que fora idealizado no âmbito da exploração das reservas de gás natural no alto-mar, constituindo um marco importante em termos de economia de escala e custos.
Com vista a acelerar as actividades de pesquisa em curso na bacia do Rovuma, a Anadarko e seus parceiros estão a mobilizar um segundo navio-sonda que deverá participar nos próximos meses em operações de perfuração e testagem na zona.
São concessionários da área 4 da bacia do Rovuma cujo contrato de pesquisa e produção foi assinado em 2006, a ENI East Africa-Moçambique, que opera com 70 porcento de participações, a Empresa Nacional de Hidrocarbonetos, com 10 porcento, a GALP Portugal, com 10 porcento e a KOGAS da Coreia do Sul, com 10 porcento.
A Anadarko lidera um consórcio que integra a Empresa Nacional de Hidrocarbonetos, a Mitsui, do Japão, a Videocon e Barat Petroleum, ambas da Índia e a Cove Energy, da Grã-Bretanha.