Não sei quantos é que sabem, mas pelo estado actual de coisas o mais provável é que poucos se danem. Haverá coisas mais importantes. Supostamente.
A verdade, todavia, é que faz, este ano, três décadas desde o surgimento da maior banda musical a que Nampula e a região norte de Moçambique alguma vez deram a luz. Referência tão incontornável quanto o é a Ilha de Moçambique em que se inspiram as histórias do dia a dia, afinada e majestosamente contadas e embaladas ao som dos acordes do reportório do grupo a que dá o nome, 'Eyuphuro' será, atrevo-me a dizer, a palavra emakwa mais conhecida do país.
A popularidade do Eyuphuro já há muito ultrapassou as fronteiras, como o atestam as mais de 30.000 entradas a que o 'google' me deu acesso quando fiz a busca. Aliás, os dois discos do Eyuphuro que faço questão de sempre que haja um Domingo fazer soar pela minha casa adentro (sempre com a minha filha, a Nicole - que é uma interessante mistura de culturas - a fazer questão de apontar, com um sorriso maroto nos lábios, que se trata de música “changana de Nampula”), foram por mim comprados fora de Moçambique.
Mas como dizia, isto parece ser importante. O Eyuphuro faz trinta anos.
Mas ninguém diz nada, Ninguém faz nada. A “tia” Zena Bacar vai ter de se contentar em, a partir da banca sobre o passeio mercê do qual procura o “desenrasque”, continuar a ver os holofotes a serem insistente, injusta, entusiástica e quase que exclusivamente virados para pseudo “divas”, “rainha”, etc e tal.
As tais, com vídeo clipes semanais, mas cuja voz, talento e postura não são, nem remotamente, comparáveis ao que fez e continua a fazer a verdadeira “diva” (ora esquecida) que é a senhora que se confunde com a história, a obra e a imagem do Eyuphuro, de que ela foi uma das fundadoras. Vai continuar, a verdadeira “Mama Mosambiki” a ter de se contentar com os convites de oportunistas que depois nem um centavo pagam pelas suas aparições - ainda que fosse apenas uma questão de pedir pequenas contribuições dos próprios delegados às conferências disto e daquilo.
Tudo isto vai continuar. Se nós o permitirmos. Em nome do Eyuphuro – e tenho mandato para tal - fica aqui o apelo: não deixem morrer o “remoinho”. Cada um de nós pode (e talvez deva, mesmo) fazer algo para que este momento, dos 30 anos de vida do Eyuphuro, não passe despercebido. Entre em contacto com o Wamphula Fax e através deste contribua para a digressão pelo país que eles sonham fazer, com espectáculos de gala em Maputo e Nampula.
Eleutério Fenita
WAMPHULA FAX – 01.11.2011
NOTA:
Um abraço e o reconhecimento do MOÇAMBIQUE PARA TODOS. Ouçam e vejam aqui http://youtu.be/ZzUKuFhIOjk
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE