O crescente número de casos de morte por afogamento, na praia do Xai-Xai, poderá ser solucionado em breve, como resultado de estudos iniciados em Agosto do ano passado, envolvendo o Centro de Desenvolvimento Sustentável de Zonas Costeiras (CDS), a Universidade Eduardo Mondlane (UEM), através da Escola Superior de Ciências Marinhas, baseada em Quelimane, província da Zambézia, e a Universidade norueguesa de Bergen – Instituto de Geofísica.
A média de mortes nas águas do Xai-Xai, segundo informações facultadas pela Administração Marítima local, situa-se entre sete e dez casos, que normalmente ocorrem entre Novembro e Fevereiro, período de pico do Verão.
Segundo dados facultados à nossa Reportagem pelo docente e director da Escola Superior de Ciências Marinhas, António Hoguana, a conclusão preliminar a que se chegou, ao longo de cerca de 14 meses de pesquisas, é que a praia do Xai-Xai possui características específicas e muito particulares, pelo facto de ocorrem dois tipos de correntes de água extremamente perigosas, sendo uma de deriva litoral que flui ao longo da costa e na direcção sul/norte, e a corrente denominada de retorno, que se desloca da costa para o mar, atravessando rochas.
"Repare que nos estudos realizados apurámos intensidades entre cinco e sete quilómetros por hora para as correntes de deriva, até 11 a 12 quilómetros por hora para correntes de retorno, para um limite máximo aceitável de cerca de quatro a cinco quilómetros por hora, pelo que mesmo os banhistas mais experientes não podem resistir a estas correntes, facto que tem estado a propiciar a ocorrência de muitos óbitos por afogamento”, disse Hoguana.
Refira-se que a praia do Xai-Xai é caracterizada pela presença de uma rocha que a separa da região oceânica e, quando esta rompe, devido à força das ondas, estas provocam inundações, que apenas saem através de pedregulhos em zonas bastante estreitas, daí que a corrente que a seguir se gera seja bastante forte.
Importa referir que os estudos identificaram algumas das partes por onde passa a referida corrente, sendo para tal recomendada a necessidade de as autoridades ligadas à administração marítima passarem o mais urgente possível a implantar sinais nos locais onde ocorrem esses perigos para os banhistas, e não só.
Para Manuel Victor Poio, director do CDS, os resultados preliminares dos estudos sobre eventuais razões da perigosidade das águas de Xai-Xai, particularmente para as actividades balneares, constituem um importante passo para a redução drástica de mortes por afogamento.
"Para além dos outros resultados ora anunciados, na sequência dos estudos realizados pelos nossos parceiros, designadamente a prevenção da erosão, a sedimentação que vai ocorrer, o grande ganho que se pretende daqui é que não se voltem a reportar mais casos de morte por afogamento nessas zonas de correntes e ondas bastante perigosas. O ser humano deve ser escrupulosamente protegido e, como primeiro passo, a sinalização das zonas de maior perigo deve ser, neste momento, a prioridade das prioridades", defendeu Poio.
- Virgílio Bambo