O Ministério Público já notificou a Directora do Jornal Kêkua para ser interrogada esta quinta – feira, nos autos de instrução preparatória.
A queixa-crime movida pelo Governo contra o referido jornal, tem a ver com um artigo publicado no passado dia 1 de Outubro.
“Ministros Ganham 539 milhões de dobras provenientes de fundos desconhecidos”. É o título do artigo publicado pelo semanário Kêkua na sua edição do passado dia 1 de Outubro, e que provocou a estreia do Governo de Patrice Trovoada, na apresentação de queixa-crime contra jornalistas ou contra órgãos de comunicação social.
O artigo do Jornal Kêkua, pode suscitar reflexão mais séria por parte do público, em relação a injustiça social muito falada no país. O cidadão comum sempre questiona sobre o nível de vida exibido pelos dirigentes, quando o salário oficial que recebem do Estado, não é suficiente para sustentar a vida farta que têm.
Então de onde é que vem a outra parte que completa a ostentação social? Quando se sabe que os detentores de cargos públicos não declaram os seus bens ao Estado, antes de ocuparem tais cargos? São questões que, segundo o Jornal Kêkua, vão provocar muita tinta nas próximas edições do Jornal.
No entanto para já o que vale é a defesa e prova da verdade junto a justiça, em relação ao artigo publicado no passado dia 1 de Outubro. A Directora do Jornal Kêkua, Dora Salvaterra, vai ser interrogada esta quinta feira pelo procurador adjunto Valder Ramos.
Por causa do artigo publicado, o governo fez passar um comunicado nos órgãos do Estado, no qual acusa o jornal Kêkua de procurar desestabilizar o país, com a publicação do artigo que dá conta que os ministros ganham 539 milhões de dobras, de origem duvidosa.
O Comunicado do décimo quarto governo constitucional, diz ainda que o semanário Kêkua, «tem feito notícias de forma indecente e vergonhosa, violando abertamente os mais básicos princípios do jornalismo e da liberdade de imprensa», precisa o comunicado do Governo.
O Téla Nón sabe que para além do artigo que gerou a queixa-crime do Governo, o jornal Kêkua, tem tratado de questões de interesse público, como a falta de fio de sutura no hospital Ayres de Menezes, a insatisfação dos estudantes são-tomenses em Portugal que perderam a possibilidade de serem admitidos no ensino superior, a problemática da doca de peixe, o escândalo das 40 mil chapas de zinco, assim como as acções e realizações do décimo quarto governo constitucional, e também das ONG e instituições públicas e privadas que operam no país.
O facto do Jornal em causa ser de distribuição a nível nacional e gratuita, as notícias divulgadas ecoam na mente de milhares de são-tomenses. Os leitores consideram que o Kêkua tem levado ao público, a versão mais completa e esclarecedora dos factos, e em muitos casos desmistifica as novidades que chegam aos diversos cantos do país, através das ondas magnéticas estatais de áudio e vídeo.
A reacção do Governo por si só, prova que o referido Jornal que nasceu este ano, já começa a ganhar terreno importante em termos de audiência a nível nacional.Numa reacção a decisão do governo em avançar com a queixa crime, o Jornal Kêkua, interroga se a acção do executivo visa intimidar ou então significa algum medo, em relação a notícia publicada.
No entanto informações que chegaram a redacção do Téla Nón, dão conta que numa conversa na cidade de São Tomé, um membro do governo desabafou, que um colaborador do Jornal Kêkua, deve ser o principal alvo da queixa-crime. Pelas palavras do membro do Governo, subentende-se que com o processo-crime em curso, o executivo estará a tentar “CAÇAR”, um determinado cidadão que colabora com o Jornal Kêkua em termos de produção de notícias, e que já há algum tempo a esta parte, terá se transformado numa presa apetecível, para o executivo.
Abel Veiga
Tela Non -12.10.2011