Activistas prometem novas manifestações
O jornalista e advogado angolano William Tonet, condenado a um ano de prisão pelo Tribunal Provincial de Luanda, vai aguardar em liberdade a decisão judicial sobre uma reclamação apresentada pela sua defesa.
A sentença determinava que o jornalista fosse preso se não pagasse uma multa de dez milhões de kwanzas (cerca de 77 mil euros) no prazo de cinco dias, que expirou na última sexta-feira. Tonet apresentou-se em tribunal, mas foi mandado aguardar em liberdade pela decisão do juiz sobre a reclamação.
William Tonet, que é também advogado de alguns dos 17 jovens presos por participarem numa manifestação contra o regime, a 3 de Setembro - e que foram libertados na última sexta-feira -, foi condenado por difamação de generais, que acusa de enriquecimento ilícito.
A condenação foi motivada por um artigo publicado em 2007 no jornal que dirige, o Folha 8, em que punha em causa o enriquecimento, entre outros, de António Pereira Furtado, então chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, Hélder Vieira Dias "Kopelipa", actual ministro de Estado e chefe da Casa Militar do Presidente da República, e Hélder Pitagrós, procurador militar.
A Associação Justiça e Paz realizou na última semana uma campanha de recolha de fundos para pagar a multa e conseguiu recolher metade do montante necessário. A última de várias manifestações que têm ocorrido este ano em Luanda - em que largas centenas de pessoas se manifestaram contra a corrupção e pela liberdade de expressão e justiça - foi no passado sábado também um acto de solidariedade com o jornalista.
"Vamos continuar o nosso combate pela liberdade em Angola. Organizaremos outras manifestações, nomeadamente aos sábados, para reclamar mais justiça e liberdade", prometeu então, citado pela AFP, Carbono Casimiro, um dos jovens que estiveram presos durante quase mês e meio.
PÚBLICO – 19.10.2011