João Carvalho diz que o governo deve demonstrar maior vontade política e introduzir reformas urgentes
Para a melhoria da competitividade da economia nacional.
A Comissão Europeia diz que, entre vários aspectos, o governo deve resolver os problemas da burocracia e do acesso ao financiamento bancário com maior vontade política, pois, a não acontecer, será difícil desenvolver um tecido empresarial nacional forte.
A queda de Moçambique no Doing Business e no Índice da Competitividade Global, dois rankings que medem o ambiente de negócios no mundo, constitui fonte de preocupação dos parceiros do país. E não é para menos! Moçambique sofreu uma grande queda no relatório do Doing Business publicado no passado mês de Outubro, tendo passado da posição 132 no relatório de 2011, para a 139 no de 2012. Tendência semelhante foi também assistida no ranking da Competitividade Económica Global, avaliação feita pelo Fórum Económico Mundial desde 2006, na qual o país passou da 131ª posição, para a 133ª.
Esta segunda-feira, a delegação da Comissão Europeia em Moçambique expressou a sua preocupação e deixou alguns recados ao governo. “É preciso resolver os problemas da burocracia, do acesso ao financiamento bancário, mas também do funcionamento da justiça”, disse João Carvalho, representante da delegação da Comissão Europeia no país, que falava no seminário de avaliação da conformidade no comércio e desenvolvimento sustentável.
Uma maior vontade política na implementação de reformas para a melhoria do ambiente de negócios é apontada pela Comissão Europeia como sendo um passo incontornável para o florescimento de um empresariado nacional forte.
Para o caso de Moçambique, cujo plano até 2015 era de liderar a Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) em termos de oferta do melhor ambiente de negócios, o esforço torna-se premente. “As reformas começam a ser urgentes e precisam, antes de tudo, de ser implementadas com vontade política, isto é crucial. Sem isto, Moçambique não poderá desenvolver um tecido empresarial nacional forte”, disse, ontem, João Carvalho.
A crítica da delegação da Comissão Europeia foi, também, para as reformas legislativas e para o sector da educação, cujo desempenho é visto a não responder à realidade do país. “É preciso uma política industrial com visão a médio prazo e aproveitamento dos recursos humanos e naturais, isto sem descurar das políticas laborais e de ensino profissional adaptadas ao mercado interno (…). Para além de ser mais produtiva, uma mão-de-obra qualificada pode beneficiar de uma melhor transparência de conhecimento de empresas estrangeiras sediadas em Moçambique”, acrescentou Carvalho.
O PAÍS – 29.11.2011