Frelimo acusa responsabilidade
A campanha eleitoral já mexe. No terreno, candidatos da Frelimo, do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) e do Partido Humanitário de Moçambique (PAHUMO) acotovelam-se por um lugar ao sol em Quelimane, Cuamba e em Pemba.
A Frelimo aparece como principal vencedor em todas as frentes, não apenas pelo seu invejoso historial, mas também pelo facto de o processo não contar com a participação da Renamo, nada mais nada menos que o maior Partido da oposição.
Pese o favoritismo que lhe assiste, a Frelimo está de mangas arregaçadas, disposta a evitar qualquer percalço, particularmente em Cuamba e Quelimane, onde já experimentou dissabores em anteriores processos eleitorais bem antes da introdução de eleições autárquicas.
Fazer deslocar Filipe Paúnde, secretário-geral da Frelimo, ou Margarida Talapa, chefe da bancada parlamentar, da capital para Quelimane e Cuamba, por sí só, atesta o peso de responsabilidade que o Partido no poder acusa.
Se em Quelimane a “ameaça” está em Manuel de Aráujo, um académico que concorre sob os auspícios do MDM, já em Cuamba está Maria Moreno, figura que goza de muito prestígio entre os munícipes e que no passado recente foi influente para os votos conquistados pela Renamo, seu Partido de então.
Quelimane tem uma outra particularidade. Já vem dos tempos da guerra colonial e do conflito armado entre as FAM’s e a guerrilha da Renamo, a fama de que os naturais da Zambézia são rebeldes, capazes de mudar de opinião no último instante.
Na luta de libertação nacional, consta que as populações chegavam a denunciar posições da guerrilha, que desse modo se tornavam presa fácil da tropa colonial. Por aí se compreende o facto de Zambézia não ter registos de combatentes entre a Frente e a tropa colonial portuguesa.
Outrossim, Quelimane tem a Renamo que aparentemente estaria mais interessada na vitoria do MDM.
A Renamo, como se sabe, não está na corrida.
Já para o caso de Pemba, todos os registos apontam para o alto nível de apostas a favor da Frelimo, onde o MDM, muito menos o PAHUMO, parecem ter pujança política para fazer frente aos interesses frelimistas.
Seja como fôr, o eventual nervosismo da Frelimo nas autarquias de Cuamba e Quelimane pode precipitar as contas e deitar abaixo os interesses frelimistas.
EXPRESSO – 23.11.2011