A VILA de Tihovene, distrito de Massingir, parou literalmente para festejar, de forma apoteótica, o retorno do mega empreendimento de produção de cana sacarina para o processamento de bio-combustível e açúcar, na sequência do facto de a TSB Sugar, uma companhia sul-africana com larga experiência nesta área, ter ganho o direito de dar continuidade a este projecto que esteve anteriormente sob a responsabilidade da PROCANA, a quem o Governo moçambicano retirou o direito de uso e aproveitamento da terra, por incumprimento de cláusulas no contrato de concessão.
Trata-se de um empreendimento a ser desenvolvido numa área de 30 mil hectares e está orçado em mais de 740 milhões de dólares americanos.
Para testemunhar o acto, mais de duas centenas de pessoas, entre líderes comunitários, membros do Governo provincial de Gaza, empresários, representantes da sociedade civil, entre outras figuras, lotaram, por completo, a sala de sessões do executivo de Massingir para “in loco” na manhã de quinta-feira última, participar naquilo que seria a apresentação pública da TSB Sugar, como a nova entidade gestora do aguardado projecto de bio-combustíveis.
A expectativa tinha a sua lógica, pois, a cessação brusca das actividades da anterior companhia, deixou as populações de Massingir, em particular, surpresas e até frustradas, pois, a presença de um mega empreendimento daquela natureza, estava a mudar, radicalmente, o perfil de vida dos seus habitantes, uma vez que uma parte considerável dos seus residentes deixara de ter na emigração ilegal para as farmas sul-africanas para ter o seu ganha pão na sua própria terra.
A par da presença de unidades económicas de grande porte como a Barragem de Massingir, o Parque Nacional do Limpopo, o projecto de produção de cana, cuja área é de pouco mais de 30 mil hectares, acredita-se que a TSB Sugar, irá prestar, sem sombra de dúvidas, um grande contributo, particularmente para a redução dos índices de desemprego, com a disponibilização de pelo menos 500 postos efectivos de trabalho e mais de sete mil sazonais.
Conforme foi referido na ocasião pelos líderes comunitários que se fizeram presentes naquela cerimónia de apresentação da TSB Sugar, o reatamento do projecto poderá dar um grande contributo na dinâmica do mercado local.
“O negócio baixou drasticamente após a cessação de actividades, no ano passado, pela Procana. O que nós pedimos, desta vez, é que a TSB não nos defraude a grande expectativa que se está alimentando no nosso seio. Reconhecemos que a criminalidade cresceu substancialmente, em Massingir, porque os nossos jovens, particularmente, não trabalham e a TSB deve nos garantir, efectivamente, esse emprego”, advertiu o líder comunitário Matavel.
GOVERNO PEDE COLABORAÇÃO DAS COMUNIDADES
Para Artur Macamo, administrador de Massingir, a chegada da TSB Sugar abre uma nova era nas aspirações do distrito no que concerne ao seu rápido desenvolvimento.
“Estamos, obviamente, satisfeitos, pois, a paralisação do projecto Procana, trouxe consigo, reflexos bastante negativos no ambiente socioeconómico do distrito, por exemplo, subiu o índice de roubos, problemas de fuga de compatriotas nossos em condições bastante arriscadas para a África do Sul. Alto risco porque, para além de outros problemas, estes são vítimas fáceis de ataques de animais selvagens na tentativa de atravessar o Kruger National Park, para as farmas sul-africanas”, disse Macamo.
Segundo ele, o empreendimento irá prestar um grande contributo na transmissão de técnicas mais avançadas de produção agrícola, permitindo, deste modo, que os camponeses locais busquem conhecimentos para a melhoria da qualidade da actividade agrícola em Massingir.
Constam das diversas promessas feitas pela TSB Sugar, como fazendo parte do cumprimento da sua responsabilidade social, a construção de cinco mil casas para trabalhadores, um estabelecimento do Ensino Superior, ampliação das actuais infra-estruturas do centro de saúde local e sua elevação para a categoria de hospital rural, abastecimento de água, entre outras acções.
- Virgílio Bambo