O transporte fluvial na baía de Inhambane, assegurado por cerca de 200 embarcações, entre barcos a motor e à vela, estabelecendo ligações entre as cidades de Inhambane e Maxixe, voltou a ser, nos dias que correm, uma dor de cabeça devido às constantes avarias das duas maiores barcaças de transporte de passageiros e carga pertencentes à empresa Transmarítima.
Na semana passada, as duas embarcações da empresa, nomeadamente “Baía de Inhambane” e “Magulute”, ambas com a capacidade para 96 pessoas cada uma, foram retiradas da circulação devido a avarias grossas que registaram, numa altura em que também se registava mau tempo que impossibilitava a travessia da baía através de pequenos barcos a motor e à vela.
Tratou-se de uma das fases mais críticas que nos últimos três meses vem caracterizando a travessia da baía que vem sendo assegurado por aqueles dois meios adquiridos há três anos pelo Governo, os quais vêm operando a meio-gás devido a constantes avarias mecânicas.
Dados apurados pela nossa Reportagem dão conta que, por exemplo, na semana passada, a embarcação “Magulute” totalmente lotada de passageiros que, na circunstância, circulava no sentido Maxixe/Inhambane, andou à deriva quando, de repente, registou problemas de alimentação de combustível nos dois motores cuja reparação durou uma hora. Depois desta operação o barco registou uma segunda avaria, nomeadamente o bloqueio do leme do comando o que complicou as manobras da sua atracagem na ponte-cais de Inhambane.
Esta situação ocorreu numa altura em que o barco “Baía de Inhambane” também havia registado uma avaria grossa, ou seja, gripado o rolamento da bomba injectora, paralisando, desta forma, o funcionamento dos dois motores.
Com as duas maiores embarcações fora da circulação, facto que ocorreu de sexta-feira a domingo últimos, a Administração Marítima ordenou, como medida de precaução, a suspensão da travessia através de pequenos barcos na sequência do anúncio de mau tempo caracterizado pela passagem de uma frente fria, acompanhada de ventos fortes no litoral da província de Inhambane, situação que agravou o problema das ligações marítimas entre as duas cidades.
“Fomos colhidos de surpresa quando tomamos conhecimento que as duas embarcações da Transmarítima estão avariadas, exactamente no dia em que se anunciava também o mau tempo ao longo de todo o litoral da província. Como consequência, a única alternativa era o transporte semicolectivo de passageiro, vulgo, “chapa 100”, num percurso de 60 quilómetros a um preço de 30 meticais por viagem”, disse Anabela Faife, uma estudante da Universidade Mussa Bin Bique, em Inhambane.
Esta estudante, que todos os dias atravessa a baía de Inhambane, fazendo o percurso Maxixe/Inhambane e vice-versa, disse que a surpresa foi a avaria dos dois barcos ao mesmo tempo. No entanto, que as embarcações um dia iam parar não era novidade porque, de acordo com as suas palavras, já haviam sinais de problemas mecânicos nos dois barcos, principalmente no “Baía de Inhambane”, a julgar pelo barulho do motor bem como à lentidão com que navegava em relação ao outro.
“É necessário que as autoridades estejam atentas, fazendo as vistorias necessárias e observar as condições mecânicas, não só nas embarcações grandes, mas também nos pequenos, incluindo à vela para evitar a ocorrência de naufrágios”, disse Anabela Faife.
Para Júlio Zunguze, o Governo tem que ser rigoroso na exploração da actividade de transporte fluvial nesta baía, assegurando que os barcos licenciados reúnam os requisitos exigidos.
“Foi bom que a avaria do “Magulute” no meio água terminou bem. Estes dois barcos, “Magulute” e “Baía de Inhambane” devem estar em boas condições porque funcionam também no período nocturno. Estes barcos há muito tempo que não funcionam bem e era bom que fossem tomadas medidas para evitar acidentes que possam terminar em luto”, disse Júlio Zunguze.
Barcos têm manutenção periódica
Entretanto, o director da empresa Transmarítima de Inhambane, Carlos Manhique, disse que as avarias ocorridas nos dois barcos, não são produto de falta de manutenção permanente porque, segundo explicou, semanalmente, faz-se uma observação do estado mecânico dos barcos.
“Quero recordar aos estimados passageiros e outros utilizadores dos nossos barcos que todos os domingos, dos dois barcos, apenas funciona um para permitir que outro vá à manutenção. Portanto, não é verdade que as avarias derivam da falta de manutenção regular dos barcos”, disse Carlos Manhique, acrescentando que as avarias ocorridas surpreenderam-lhes porque não havia nada que indicasse deficiências mecânicas dos barcos.
“Um barco é uma máquina. Também pode ter malária tal como acontece com uma pessoa. Portanto, tivemos avarias e trabalhamos de modo a recolocar os barcos a funcionar e tudo faremos para evitar que o mesmo volte a acontecer por nossa culpa”, disse Carlos Manhique.
- VICTORINO XAVIER