O JARDIM Zoológico do Maputo, onde quase que já não existem animais e nem se presta cuidados aos que ainda restam, e com infra-estruturas em degradação, poderá, proximamente, apresentar nova imagem, mercê de uma iniciativa para o seu repovoamento e modernização.
A intenção foi revelada, há dias, pelo presidente da Associação dos Jardim Zoológico de Moçambique, Daúde Carimo, num contacto com o nosso Jornal em que falou de alguns problemas que afectam aquele local de diversão, incluindo as condições que ditaram a extinção de animais.
A reabilitação vai transformar o jardim num espaço educativo, de reserva de animais de pequeno porte do país, de África e de outras regiões do mundo.
Para a modernização do Jardim Zoológico, a associação contará com apoio de especialistas de Joanesburgo e Pretória (África do Sul), sobretudo no domínio de formação de tratadores, assistência e saúde dos animais.
“Nós elaboramos um plano-director, em que já estamos a avançar com a reabilitação da parte do jardim, que será concluída até meados do próximo ano e acreditamos que num futuro próximo conseguiremos modernizar e ampliar o espaço, adequando-o aos padrões internacionais exigidos”, disse Daúde.
Ao abrigo da convenção internacional, a colocação de animais em cativeiro pressupõe a criação de maior espaço para a sua movimentação, o que não é o caso do Jardim Zoológico do Maputo, cujas dimensões já não correspondem ao recomendado.
Segundo Daúde Carimo, o desaparecimento de algumas espécies que ainda se podiam ver, deveu-se ao facto de o espaço do zoo estar a ser usado como caminho pelos residentes de Inhagóia “B” (por detrás daquele local), para acesso à Estrada Nacional Número Um e vice-versa. “Algumas espécies como antílopes, zebras, galinhas e outros animais dos quais o Homem se alimenta foram roubados por residentes que usam o jardim como travessia”, lamentou a nossa fonte.
Trabalhadores do Jardim Zoológico recusaram-se a falar ao nosso jornal. Soubemos que alguns deles partilhavam com os animais a carne destinada à alimentação destes. Mas chegou uma altura em que o alimento já não chegava aos seus destinatários.
Felizardo Banze, um dos visitantes abordados no local pela nossa Reportagem, lamentou o facto de não haver informação sobre os poucos animais sobreviventes. “O zoo está a desaparecer aos poucos, já não é o mesmo de antes, esperamos que seja repovoado o mais breve”, disse Banze.
Um lugar esquecido
Actualmente, o aspecto que o Jardim Zoológico apresenta é de um local abandonado. Quase tudo desapareceu, incluindo o cemitério onde eram enterrados os animais que iam morrendo. As campas foram vandalizadas e o mármore saqueado.
Das pessoas que ainda se fazem ao jardim, algumas vão para namorar à vontade e sem incómodo, outros ainda para fumar um cigarro, fazendo tempo para um posterior compromisso. A estes problemas juntam-se as péssimas condições de tratamento dos animais, má alimentação destes e ausência de limpeza, que tornaram a vida daqueles seres num autêntico pesadelo.
O hipopótamo, o animal mais velho da casa, aparentemente não goza de boa saúde. Ao que soubemos, há já muito tempo que não vai lá um veterinário para tomar conta dos poucos animais que restam.
Se num passado não muito longínquo se podia ver animais que o transformavam num local com vida, hoje encontramos apenas dois macacos (o cinzento e o cão), um hipopótamo, três tartarugas, algumas aves, quatro cobras, das quais uma jibóia e meia dezena de crocodilos.
Animais que anteriormente podiam ser vistos, como leões, impalas, hienas, ursos, elefantes, entre outros, morreram por falta de comida e assistência adequada.