A 24 de Novembro completaram-se 20 anos da morte de Freddie Mercury, cantor, compositor, músico e “entertainer” que ultrapassa barreiras geracionais e classificações de género.
Nascido Farrokh Bulsara em 5 de Setembro de 1946 na Tanzania, morou na Índia quando criança e, aos 17 anos, mudou-se para o Reino Unido e tornou-se cidadão britânico.
Formou os Queen (o nome foi sua escolha) ao lado de Brian May (guitarista) e Roger Taylor (baterista) em 1970 – o baixista John Deacon entraria depois. Na mesma época, deixou de ser Farrokh Bulsara e passou a ser conhecido como Freddie Mercury.
Ainda no início dos anos 1970, a banda lançou discos fundamentais como "Sheer Heart Attack" (1974), "A Night at the Opera" (1975) e "A Day at the Races" (1976). Aí veio o “punk”, para destruir todos os excessos do rock. Mas os Queen sobreviveram – e bem.
Depois de 1978, vieram músicas como "Bicycle Race", "Another One Bites the Dust", "Under Pressure", "Radio Ga Ga" (que influenciou certa lady pop), "I Want to Break Free".
O vocalista produziu dois discos fora da banda: um a solo, "Mr. Bad Guy", em 1985; e outro com a soprano Montserrat Caballé, "Barcelona", em 1988. Gravou duetos com Michael Jackson até hoje inéditos – Brian May já disse que essas canções podem ser lançadas oficialmente em 2012.
Os Queen venderam mais de 300 milhões de discos. Números impressionantes impulsionados também pelo lado compositor de Mercury: são dele canções como "Bohemian Rhapsody", "We Are the Champions", "Crazy Little Thing Called Love".
O último show de Freddie Mercury com os Queen aconteceu em Agosto de 1986, em Knebworth, na Inglaterra – para 300 mil pessoas.
Em 23 de Novembro de 1991, um dia antes de morrer, Mercury anunciou que era portador do vírus HIV.
Pop, rock, heavy metal
Se Frank Sinatra não tivesse agarrado antes o apelido The Voice, ele certamente cairia bem em Freddie Mercury. A sua voz passeava entre graves profundos e agudos operísticos sem nenhum tropeço. Sentia-se à vontade tanto em arenas “rockistas” como num estúdio gravando com Montserrat Caballé.
Num mesmo “show2 (às vezes até durante uma mesma canção), encarnava uma estrela pop, um rockista teatral, um cerebral músico progressivo, um furioso líder heavy metal, uma estrela glam exagerada e colorida. O tipo de performance que parece saída de um sonho de Almodóvar.
Também em 1985, o vocalista (e consequentemente os Queen) protagonizaram aquele que é provavelmente o grande momento: uma histórica performance no Live Aid, no estádio Wembley, em Londres.
Em pouco mais de 20 minutos, a banda tocou "Bohemian Rhapsody", "Radio Ga Ga", "Hammer to Fall", "Crazy Little Thing Called Love", "We Will Rock You" e "We Are the Champions". Segundo votação feita entre músicos e especialistas da indústria fonográfica, foi a melhor apresentação da história da música pop – e você pode assisti-la ao lado.
A influência dos Queen – e de Freddie Mercury – está em toda parte. Na extravagância de Lady Gaga; na electrónica de estética rockista dos Justice; na grandiosidade dos Killers.
Até Kurt Cobain respeitava Freddie Mercury. Na sua nota de suicídio, o líder dos Nirvana escreveu: "Quando estou no backstage e as luzes acendem-se e o público começa a gritar, isso não me afecta do modo que afectava Freddie Mercury, que parecia amar, saborear a adoração do público, algo que eu admiro e invejo".