Segundo disse ao SAVANA João Mandava, porta-voz do grupo, os tripulantes estão a reivindicar o pagamento de uma indemnização de 150 000 meticais para cada pessoa, como forma de reparar os danos morais e psicológicos causados pelo incidente. Exigem ainda uma “reintegração efectiva” na empresa Pescamar.
Para Mandava, o grupo esgotou todas as possibilidades de negociação pacífica com a direcção da Pescamar, proprietária do Veja 5, incluindo “gritos de socorro” a entidades governamentais que não surtiram nenhum efeito desejado.
A greve que deverá eclodir dentro de duas semanas, deverá paralisar as actividades na firma. O grupo promete encerrar os portões de acesso ao recinto da empresa com correntes e cadeados, até que a empresa assegure uma compensação pelos maus tratos que sofreram nas mãos dos piratas.
Segundo mandava, a direcção da empresa alega não poder satisfazer o pedido dos 12 sobreviventes por duas razões: a primeira, alega a Pescamar, é que o pedido não encontra enquadramento legal e, a segunda, é que a empresa “gastou” avultadas somas de dinheiro durante o tempo que estiveram sequestrados e após o resgate.
Nenhuma justificação da direcção da empresa é aceite pelo grupo.
A fonte disse ainda que a direcção da Pescamar remete o grupo ao Governo, alegando que tal como o resgate dos seus colegas espanhóis foi pago pelo respectivo Governo, assim deve ser com os sobreviventes moçambicano do “Vega 5”.
Governador e PM
“O governador só fez papel político no aeroporto no dia em que regressávamos da Índia e agora não dá nenhum tipo de apoio”, acusa Mandava.
A fonte aventa a possibilidade da grave estender-se ao edifício onde funciona o gabinete do governador de Sofala, Carvalho Muária, supostamente por este não estar a mostrar interesse em mediar o conflito.
Dois dias após o resgate pela Marinha de Guerra Indiana, os sobreviventes do “Vega 5” tiveram um encontro com o Primeiro-Ministro moçambicano, Aires Ali, em Mumbai, na Índia. Segundo contam, o chefe do executivo moçambicano terá prometido negociar com a direcção da Pescamar a melhor forma de reintegrá-los na empresa, dado que eles trabalhavam em regime de trabalhadores eventuais.
Mandava disse que o grupo já submeteu uma “carta de indignação” ao Gabinete do Primeiro-Ministro, na qual apela a intervenção de Aires Ali no diferendo.
Acrescentou que três elementos do grupo deverão partir ainda esta semana para Maputo, capital do país, com objectivo de marcar audiência com o Primeiro-Ministro.
Pescamar desvincula-se dos sobreviventes do “Vega5”
Os 12 tripulantes ameaçaram, em Maio último, não regressar à faina até que recuperassem do trauma que tiveram.
“A direcção da empresa acabou aceitando depois de longas horas de reunião. Mesmo assim ameaçaram cortar subsídios e o fizeram. Por temer perder emprego quatro colegas recuaram e foram ao alto mar”, contou.
Dos que seguiram ao mar, na primeira viagem, um regressou de emergência devido a problemas de perturbações psicológicos, no que o grupo acredita ser “trauma do sequestro”.
Tentativas de ouvir a direcção da Pescamar na Beira fracassaram. Entretanto, esta tarde o grupo dos 12 tripulantes contactou o SAVANA para informar que recebeu carta da direcção da empresa de pré-aviso de rescisão de contratos. Os mesmos dizem discordarem da posição da Pescamar e prometem uma greve.
SAVANA – 25.11.2011