À MEDIDA que o tempo passa, crescem a expectativa e ansiedade no seio dos militantes da Frelimo, e não só. É que 2012 é ano de grandes realizações. O partido celebra 50 anos da sua fundação e da realização do seu primeiro congresso, o congresso da unidade. Ainda para o ano, a Frelimo realiza o seu X Congresso.
O jubileu da Frelimo constitui, pois, momento de reflexão para o que os moçambicanos pretendem para o futuro: o bem-estar político, económico, social e cultural. Os moçambicanos querem a paz, a unidade nacional o reforço da sua auto-estima, enfim, querem o desenvolvimento. E porque 2012 está à porta, nada mais senão ouvirmos de Edson Macuácua, porta-voz do partido e secretário do Comité Central para a Mobilização e Propaganda, que realizações esperam os moçambicanos e que perspectivas se podem desenhar para o seu futuro.
Notícias (Not) – Pode-nos falar um pouco das grandes realizações do partido para 2012?
Edson Macuácua (EM) – Ao nível do partido, 2012 é um ano de jubileu; de reflexão e de celebração, pois comemoramos 50 anos da fundação da Frelimo. Completamos, igualmente, 50 anos da realização do I Congresso, o Congresso da Unidade. Ainda em 2012, realizaremos o nosso X Congresso, de 23 a 28 de Outubro, na cidade de Pemba, província de Cabo Delgado. Devo salientar que, no quadro das celebrações do 50.º aniversário da Frelimo, será reaberto o Museu da Revolução – o guardião do património histórico da gesta epopeia da libertação do país. Neste momento, o museu está em processo conclusivo de reabilitação e requalificação. Também terão lugar palestras, debates, simpósios, colóquios, envolvendo todas as esferas sociais.
Not– Concretamente, quando é que começam as celebrações?
EM – As comemorações do 50.º aniversario da fundação da Frelimo terão inicio no dia 3 de Fevereiro, Dia dos Heróis Moçambicanos e culminarão em Outubro, com a divulgação dos resultados do X Congresso da Frelimo, dando-se relevo ao significado inseparável dos acontecimentos da história de libertação nacional.
Not - … e o que se pretende com estas celebrações?
EM – Pretende-se, primeiro, que as celebrações sejam de âmbito nacional e que envolvam todo o povo moçambicano, com particular destaque para os combatentes da luta de libertação nacional e os jovens, porta-estandartes da luta contra a pobreza e continuadores desta epopeia libertadora. As comemorações do 50.º aniversário da Frelimo deverão contribuir para que sejam alcançados, entre outros objectivos, a exaltação da nossa história, a consolidação do espírito de unidade nacional; o reforço do espírito de auto-estima, da consciência patriótica e da moçambicanidade; a promoção do reforço da cultura da paz, da reconciliação e tolerância entre os moçambicanos, bem como entre estes e outros povos do mundo; promoção e consolidação das acções visando a edificação, preservação e valorização dos monumentos históricos da luta de libertação e, ainda, o reforço do espírito dos moçambicanos na luta contra a pobreza.
Not – E sobre os preparativos do X Congresso, o que se pode dizer?
EM – No quadro do X Congresso, terá lugar, a partir de Fevereiro, o movimento do debate em torno das teses. Esta actividade começa nas células. Também haverá eleições dos órgãos do partido, no quadro do princípio da continuidade e renovação – um processo que vai contribuir para o reforço da participação e da democracia interna no seio do partido. Com as eleições internas, vamos renovar os órgãos do partido, revitalizar o seu funcionamento rumo a novas vitórias.
Moçambique acolhe eventos internacionais
Not – O nosso país vai acolher em 2012 alguns eventos internacionais. Quais são?
EM – Moçambique vai acolher em 2012 dois grandes eventos internacionais, os quais vão acrescer o capital e o prestígio do nosso país no concerto das nações. Estamos a falar da X Cimeira dos Chefes de Estado e de Governo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) em Junho, e em Agosto a XXXII cimeira dos Chefes de Estado e de Governo da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), tornando-se o nosso país presidente em exercício das duas organizações. Isto vai aumentar o nosso prestígio, a nossa reputação e a responsabilidade no plano internacional.
Not – Na esfera da governação esperam-se grandes desafios…
EM – Sim. O principal desafio é a implementação do Plano Económico e Social (PES), que visa alcançar um crescimento económico de 7,5 porcento; conter a taxa de inflação média anual em 7,2 porcento; atingir um nível de 3020 milhões de dólares em exportação de bens; atingir um nível de reservas internacionais líquidas que financiem cerca de 4,7 meses de importação de bens e serviços essenciais para o normal funcionamento económico e social do país. O outro desafio é prosseguir com a criação de oportunidades de emprego e de um ambiente favorável ao investimento privado e desenvolvimento do empresariado nacional, salvaguardando, no entanto, uma correcta gestão do meio ambiente; melhorar em quantidade e qualidade os serviços públicos da educação, saúde, água e saneamento, estradas e energia e prosseguir com a consolidação de uma administração local do estado e autárquica ao serviço do cidadão. Os esforços no quadro da condução da política macroeconómica continuarão a ser orientados no sentido de assegurar a sustentação dos ritmos de crescimento económico registados nos últimos anos, a estabilização do índice geral de preços internos e o aumento da competitividade das exportações domésticas.
Not – Em que assentam as principais linhas de forca desse plano?
EM – Fundamentalmente, assentam na implementação de programas em seis áreas, nomeadamente o desenvolvimento humano e social; o desenvolvimento económico; governação, descentralização e combate à corrupção e promoção da cultura de prestação de contas; reforço da soberania e reforço da cooperação internacional.
Not – E se olhássemos para o plano, sectorialmente?
EM – A implementação do plano estratégico do sector agrário deverá impulsionar o aumento da produção e da produtividade de modo a acelerar o crescimento económico e a geração de meios de emprego e renda. No sector das obras públicas, pretende impulsionar o programa nacional de desenvolvimento do sector das águas e a manutenção de estradas pavimentadas. Na educação, pretende-se a construção de mais salas de aula, aquisição e distribuição do livro escolar e a construção de institutos politécnicos de Gaza e Manica. Na saúde, requer-se o desenvolvimento das infra-estruturas sanitárias, o apoio na aquisição de medicamentos e equipamentos médico-cirúrgicos e ainda a promoção da saúde materno-infantil. Nos transportes e comunicações, a aquisição de uma draga oceânica e a reconstrução da linha férrea Cuamba-Lichinga, numa extensão de 262 quilómetros.