Com pompa e circunstância, num período em que a predição de calor quebrados por repentinos chuviscos e relampagos continua pairando por Maputo, o famoso JZ, não o americano, mas sim sul africano escalava Maputo para sua primeira visita de Estado a Moçambique, volvidos dois anos após a sua eleição para Presidente do país irmão e amigo de Moçambique.
Como de praxe, não faltou tapete vermelho, correrias, fechos de ruas, manchetes na comunicação social, incluindo um recado do presidente visitante aos moçambicanos para que estes sejam inteligentes e ousados na altura de captar investimento externo. Até aqui, tudo bem. A um chefe de Estado exigisse estes condimentos.
Passando ao conteúdo de um dos seus discursos, JZ agradeceu Moçambique pelo tudo que fez no tempo da liquidação do Apartheid. E, por ter passado a maior parte do seu exílio nesta Pátria de Heróis, Zuma afirmou categoricamente que Moçambique era a sua segunda casa!
Para mim, parco em vocábulos, esta afirmação de 2ª casa deixou-me um pouco atónico e obrigou-me a ir a busca de referências bibliográficas. Assim, percorri um pouco para o que os músicos dizem de o que é a casa dois, para o que a Magia Zen diz a respeito e, finalmente, o que o bom senso apregoa nestes momentos.
Para os músicos, a casa 2 representa as coisas materiais, nossa fortuna, dinheiro, propriedades, fama e posição social. E asseguram que somos afeiçoados a estas posses materiais, sentimos medo em perde-las, por isso desejamos estar junto delas a qualquer oportunidade. Para os cartoonistas da Magia Zen, a 2ª casa representa “muito amor e compreensão, a dualidade, a polaridade, a necessidade de ser complementado, conviver sempre com a pessoa amada”. Para o bom senso, a segunda casa é aquela que, a seguir a nossa casa, damos primazia, como fazemos, por exemplo, diante dos nossos serviços, onde passamos a maior parte do tempo lá, deixando os sofás da casa 1 a mercê, quem sabe lá, dos empregados!
Como se pode depreender, em todas as consultas os caminhos me indicavam que 2ª casa significa uma grande amizade entre ambos, notória disponibilidade de ambos para uma aproximação e um significado emocional que, ao sair da primeira casa, o leva a segunda.
É bem verdade que os últimos 15 anos testemunharam uma revolução verdadeiramente histórica de irmamandade entre estes povos, a qual está, sobretudo, evidenciada nas grandes trocas comerciais com a balança a pesar mais para o lado sul-africano, o que daria mote para uma outra reflexão “a de balança comercial moçambicana ser muito deficitária em relação a África do Sul”. No entanto, perante as pseudo respostas a pesquisa sobre a casa 2, a visita do presidente Jacob Zuma que era a culminação do progresso sistemático e substantivo nas relações Moçambique-África Sul desde que o carismático herói vivo mundial Presidente Mandela Madiba ao tomar posse como primeiro Presidente negro da A. Sul escolheu Moçambique como o primeiro país a visitar em reconhecimento do papel deste país irmão na liquidação do regime da segregação racial, ficou um pouco assombrada pelo timing extemporâneo da visita. Por isso reservei-me no direito de questionar afinal o que é a segunda casa para o Presidente Zuma!
Acredito que a maioria dos moçambicanos admiradores desta relação Moçambique –África do Sul estão totalmente atónicos quanto a altura escolhida para a visita de Estado de Zuma a sua segunda casa. Relembremos que Zuma tomou posse a 09 de Maio de 2009, após uma eleição com 65% dos votos expressos, e escolheu Angola como o primeiro país a visitar e fê-lo em menos de três meses no Poder. E para Moçambique, sua segunda casa, faz depois de cumprir metade do seu mandato?!
Poderei estar equivocado, mas socorrendo do exemplo americano em que os seus presidentes eleitos fazem a primeira visita ao Canada (no continente americano), onde têm as maiores trocas comercias no mundo, e ao seu braço tenente na Europa - a Inglaterra (quando viajam pela primeira vez a Europa). Parece-me legítimo duvidar da qualificação de Moçambique como "segunda casa" do ilustre presidente Zuma de que eu fui um assevero admirador aquando da cabala super montada para o aniquilarem das esferas do poder. A não ser que Zuma está trazendo uma teoria acoplada a casa dois, nomeadamente “para a segunda casa deixamos para o fim” já que, quer queiramos quer não, o bom filho regressa a casa mesmo fora de tempo!
Será este último facto que deixou convicto o Presidente Zuma de escolher a visita de Estado a sua segunda casa depois de cumprido mais de metade do seu mandato? Depois de Dilma Roussef do Brasil ter feito antes de cumprir um ano do seu mandato?
Fuuuuiiiii, ao som da saudosa Brenda Fassie com a sua Ag Shame Lovey - Que saudade dos sucessos desta Diva!
miko cassamo