Editorial
Nesta altura do ano em que os abastados trocam presentes de Natal e de Ano Novo, os moçambicanos são brindados por discursos ilusórios e até certo ponto insultuosos à sua dignidade, baseados em números forjados em gabinetes da capital, sem se ter em conta a realidade do País na sua real extensão e amplitude.
Dois altos dirigentes do Estado vieram a público, no início desta semana, apresentar relatórios “cor-de-rosa” de um Moçambique ideal, mas que na verdade não existe.
Na segunda-feira já se tinha antecipado o governador do Banco Central, Ernesto Gove, no balanço do ano económico 2011 e previsão do ano 2012, ao apresentar números que desenham um país próspero, que na verdade só pode ser equiparado ao bairro da Sommerschield e certos condomínios de Maputo. Veio com números que ignoram os milhões de moçambicanos que só trabalham para comer, porque a palavra poupar, para eles, não existe. Isto quando se fala dos sortudos que ainda vão tendo trabalho. Se falarmos dos desempregados, a conversa ainda é mais atentatória à dignidade de milhões…
Na terça-feira foi a vez do chefe de Estado ir ao Parlamento falar de uma nação que objectivamente não existe.