O OPOSITOR Etienne Tshisekedi, que rejeitou a reeleição de Joseph Kabila e autoproclamou-se "presidente eleito” da República Democrática do Congo (RDCongo), prestou juramento na sua residência em Kinshasa, na sexta-feira, sob forte vigilância policial.
As autoridades da capital proibiram a manifestação prevista para o estádio dos Mártires e onde o opositor, de 79 anos, devia “prestar juramento” perante o “povo congolês”, como estava a ser anunciado desde domingo da semana passada.
“A manifestação foi proibida e não vai realizar-se. Já existe um Presidente eleito e que prestou juramento. Não é possível prestar um novo juramento, trata-se de um acto de subversão. Esta iniciativa deve ser impedida porque é contrária à Constituição”, disse sexta-feira, à agência noticiosa AFP uma fonte próxima do chefe da polícia congolesa.
Nesse dia, as forças da ordem cercaram o bairro Limete, leste da capital, onde Tshisekedi reside e não longe da sede do seu partido, a União para a Democracia e o Progresso Social (UDPS).
Os jornalistas foram proibidos de se aproximar da residência, enquanto diversas concentrações de apoiantes eram dispersas pela polícia com a ajuda de gás lacrimogéneo. Foi ainda anunciada a detenção de manifestantes.
Durante a tarde, e impedido de se deslocar ao estádio dos Mártires, Tshisekedi decidiu prestar juramento na sua residência, fazendo-o com a mão direita levantada e a esquerda sobre uma bíblia, na presença de dezenas de apoiantes e de responsáveis políticos da oposição.
O candidato da oposição autoproclamou-se “presidente eleito” após ter rejeitado os resultados do escrutínio de 28 de Novembro, caracterizado por numerosas irregularidades, de acordo com as missões de observadores de diversos países.
Joseph Kabila, o Presidente cessante, foi eleito com 48,95 por cento dos votos, contra 32,33 por cento atribuídos ao seu rival, que garantiu o segundo lugar entre nove candidatos.
O chefe de Estado, com a reeleição para um segundo mandato já confirmada pelo Supremo Tribunal de justiça, prestou juramento numa cerimónia que decorreu na terça-feira em Kinshasa.
O porta-voz do Governo, Lambert Mende, lamentou ontem o que designou a "política de confiscação" do líder de Tshisekedi, que se autoproclamou na sexta-feira Presidente.
"É um acontecimento lamentável assistir à política de confiscação daquele que foi um grande político", afirmou ontem Lambert Mende aos jornalistas, referindo-se a Tshisekedi.
"Perdeu as eleições. Porque se nega a aceitar a derrota e jura o cargo de Presidente na sua casa? Em qualquer caso, isto não afecta o aparelho de Estado", acrescentou Mende, que foi ministro dos Transportes de Etienne Tshisekedi, durante o governo de Mobutu Sese Seko.