Muitas crianças abandonam a escola antes de completar o primeiro ciclo do ensino primário.
A Escola primária de Nhatsembene localiza-se no posto administrativo de Chonguene, distrito de Xai-Xai, a cerca de 15 quilómetros da capital de Gaza –Xai-Xai. É uma escola primária que lecciona até 5a classe e conta apenas com três salas de aula, construídas com material precário.
O gabinete funciona numa sala improvisada, recentemente melhorada pela Visão Mundial, uma organização filantrópica que actua naquela província.
As três salas da escola não possuem sequer uma carteira para os alunos, muito menos secretárias para os cinco professores que nela trabalham. A escola conta sete turmas, com uma média de 26 alunos cada, num total de 182 alunos, sendo 80 mulheres.
A directora da escola, Amália Gilda Sitoe, lamenta a situação e diz que as condições deploráveis da sua escola estão a criar reflexos negativos nos alunos.
“Nos dias de má temperatura, os alunos simplesmente não vêm à escola porque temem molhar com a chuva.”
Só no ano passado, dez crianças abandonaram a escola, sendo que deste número cinco já estavam na 5a classe.
Nos exames da primeira época, a taxa de reprovações atingiu o recorde, cifrando-se acima dos 90 por cento. Ou seja, dos 26 alunos submetidos às provas finais, apenas quatro é que conseguiram passar de classe.
Para Alice Ernesto, uma das professoras que este ano trabalhou com as 3a classes, as condições da escola contribuíram, significativamente, para o baixo aproveitamento escolar.
“Não existe nenhum atractivo na escola que possa motivar as crianças a estudar mais. Mesmo os professores trabalham com uma série de dificuldades”.
Diariamente, Alice Ernesto diz que gasta 50 meticais de transporte para conseguir sair da cidade de Xai-Xai, local onde reside, para a Escola Primária de Nhatsembene, onde lecciona, tudo porque a escola não tem casas para os professores.
O PAÍS – 20.12.2011