As conversações entre o Presidente da República, Armando Guebuza, e o líder da Renamo, maior força política da oposição em Moçambique, deverão prosseguir nos próximos cinco dias, conforme anunciou o próprio líder da “Perdiz”, em declarações à imprensa esta terça-feira, na cidade de Nampula.
De acordo com Dhlakama , o encontro que se segue ao que realizou no passado dia 8 deste mês, na capital provincial de Nampula, visa abordar alguns pontos constantes das exigências da Renamo e que constituem a causa do desencadeamento das propaladas manifestações pacificas.
Entendo que há um visível recuo por parte da Frelimo e do governo em termos de tratamento. Pois que já não há aquela arrogância, aquele discurso de desrespeito e desprezo em relação à minha pessoa e à Renamo. E se isso tivesse acontecido, por exemplo, há um ano atrás, não estaríamos agora a falar em convocar manifestações. Note-se, a propósito, que já falo com o Presidente Guebuza de três em três dias, o que não acontecia dantes. E até é possível que daqui a três ou quatro dias volte a ter um novo encontro com ele. Disse Dhlakama.
O líder da Renamo, que acaba de efectuar uma digressão pelas províncias centrais de Sofala, Tete e Manica, incluindo Zambézia, disse ter sido objecto de muita pressão, por parte dos ex-militares e membros do seu partido para não desistir das agendadas manifestações. Entretanto, argumenta que as mesmas ainda não estão devidamente organizadas para evitar que venham a descambar em conflito armado.
Não posso liderar coisas que julgo que ainda não estão devidamente estruturadas. Tenho que ver com cuidado se o processo está, de facto, bem amadurecido. Senão a responsabilidade será toda atribuída à minha pessoa se as manifestações não tiverem o propalado carácter pacífico.
Na região centro, Dhlakama disse ter-se reunido com os desmobilizados de guerra e delegados políticos a vários níveis para lhes acalmar os ânimos e transmitir-lhes a melhor forma de promover a manifestação sem recorrer à violência. Referiu que encontros idênticos deverão acontecer brevemente nas províncias de Inhambane, Gaza e Maputo.
Refira-se que a sua chegada à cidade de Nampula, Dhlakama foi acolhido efusivamente por uma enorme multidão, grande parte da qual o acompanhou no percurso, de cerca de três quilómetros, empreendido a pé até à sua residência oficial, sita na rua das Flores.
WAMPHULA FAX – 28.12.2011
NOTA:
Um segundo encontro tão próximo ao primeiro só pode significar que a FRELIMO está a levar a sério as declarações do líder da RENAMO. Que poderá dar em troca, que não tivesse já sido dado ou consentido, inclusive um “exército” paralelo?
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE