O QUE havíamos começado a prever aconteceu esta semana e da pior maneira: droga pesada entre os estrangeiros que em Namanhumbir incitam os nacionais a explorarem ilegalmente o rubi, depois de nos termos munido de informações que indicam que um recenseamento acabado de fazer indicava a existência de 120 cidadãos não moçambicanos a viverem só no distrito de Montepuez.
Tínhamos ainda a confirmação de que maior parte dos quais, havia ido para ali, por causa do rubi de Namanhumbir, inundando os hotéis e pensões da segunda cidade de Cabo Delgado, situada a cerca de 200 quilómetros de Pemba, simplesmente com o objectivo de estarem perto do local da ocorrência do minério, tendo acampado na aldeia Nanhupo (A e B), as primeiras a cinco quilómetros do local procurado e Nsewe e Chimoio, para além, claro, da cidade que acolhe a sede do distrito de Montepuez.
Tínhamos, igualmente, a dúvida de que tivesse sido um recenseamento que tivesse atingido na plenitude os seus objectivos, pois havia informações consistentes de que alguma liderança local não havia colaborado a contento, contra o cenário que parecia indicar que houvesse mais estrangeiros do que a cifra encontrada.
Era e é fácil de ver: só Nanhupo, prenhe de viaturas com matrículas estrangeiras, como está! Quase não se fala a língua portuguesa, porque todo o negócio é feito em idiomas de outras paragens, onde predomina o swahili.
O movimento de vaivém, em Nanhupo é intenso, desde as casas no interior da aldeia, alugadas a estrangeiros a valores competitivos (chega a custar 25 000,00Mt a renda mensal de uma palhota) até a estrada principal, que liga Montepuez à cidade de Pemba, permanentemente ocupada por multidões ávidas de tudo, mas principalmente, do negócio do rubi.
Infra-estruturas precárias de restauração nasceram aos montes e com elas os hábitos alimentares da região foram substituídos pelos tanzanianos, principalmente, e na cidade de Montepuez, a predominância é de tailandeses e outros cidadãos asiáticos.
São os estrangeiros que criam as redes de exploração ilegal do rubi, na área da Mwiriti, Lda., hoje da Montepuez Rubi Mining, sociedade acabada de nascer, cujos tentáculos vão desde a extracção nocturna, a transacção às escondidas, até ao tráfico, através dos aeroportos e outras vias para seguirem caminho em direcção aos mercados previamente localizados, sobretudo, em Hong-Kong.
Dizíamos ainda que a nível da convivência social, tendo como base a origem dos estrangeiros, a maior parte deles, principalmente os nossos vizinhos da República da Tanzania, eram consumidores de drogas, que lhes conduziam a agressões físicas, entre si, muito consumo de soruma e uma actividade sexual intensa.
Quem não se lembra de termos alertado nestes termos, no dia 25 de Junho do ano que hoje termina, numa reportagem na qual trazíamos a opinião, particularmente crítica, da chefe do posto administrativo, Anastácia Clemente?
Eram os estrangeiros de ambos os sexos, os problemas conjugais criados pelo ambiente prevalecente eram aos montes, muito antes de ainda as moçambicanas se terem apercebido de que o negócio do sexo em Namanhumbir era promissor.
Nos últimos meses, elas vieram de todos os cantos, para engrossarem as fileiras de prostitutas que alimentam os estrangeiros e não só: cursos interrompidos nas várias faculdades espalhadas pelo país; já é possível encontrar quem alguma vez militou na Rua Araújo, de quem se conhece a partir do REFEBA ou Sétimo Nível, em Quelimane, da pensão Namúli, em Moatize, da pensão Massinga, em Mandimba, do Bagdad, em Nampula…
As pembenses, só agora se aperceberam e vai daí, terem despovoado o “Take Away” e o “Frango Assado”, para as aldeias limítrofes de Namanhumbir e lá a aprenderem Swahili ou um poucochinho de inglês ou francês ocidental-africano.
É neste ambiente onde são encontradas quantidades ainda não reveladas de suruma, cocaína, haxixe e heroína! Com 11 pessoas, todas estrangeiras, todas tanzanianas. Dá lugar a um medo justificável de quem sabe que se trata do corroer duma sociedade.
Mas o que intriga é que as instituições gostam de chegar tarde aos problemas, como se não houvesse quem ganhasse por prever, por resolvê-los, ao primeiro sinal. E se faltassem avisos, como os que semanalmente aqui trazemos e outros fazem-no de diversas maneiras, talvez se entendesse.
Há muito que Namanhumbir não merece apenas um posto policial, simplesmente porque se trata de um posto administrativo. Ninguém diz que não é, mas hoje não é qualquer posto administrativo. Mesmo a aldeia Nanhupo, que hoje movimenta tanta gente da estranja, precisava de ter a sua própria esquadra policial, de gente menos corrupta.
Se na verdade a ordem e segurança não se antecipou, por isso os outros invadiram o território, ainda vai a tempo, desta feita terá que assaltá-lo, porque já tem donos (não interessa que sejam legítimos ou não).
Mas como tudo isso havíamos dito no dia 25 de Junho, hoje estamos a repetir apenas por repetir, como quem diz: dizer por dizer!