MARCO DO CORREIO
Por Machado da Graça
Olá Amélia
Tudo bem contigo, minha amiga? Do meu lado tudo bem, felizmente.
Ainda na ressaca das eleições intercalares em Quelimane, Pemba e Cuamba, e já vai haver uma nova, desta vez em Inhambane. Infelizmente, por razões mais graves do que as falsas que foram invocadas para a demissão dos autarcas daquelas três cidades.
Desta vez, o Presidente do Município de Inhambane não cumpriu ordens para abandonar o cargo, faleceu de doença.
Mas, em termos políticos, o resultado é o mesmo.
Como ainda falta mais de um ano para terminar o mandato, vai ter de haver eleições para encontrar um substituto para Lourenço Macul.
Portanto, as máquinas eleitorais dos diversos partidos devem estar já, de novo, a trabalhar para preparar este novo confronto.
E aqui vai ser interessante saber qual será a posição da RENAMO. Se, tal como fez em Pemba, Cuamba e Quelimane, opta pela não participação ou, pelo contrário, em Inhambane a RENAMO também irá apresentar um candidato.
Porque uma posição ou outra tem consequências diferentes. Se a RENAMO apresentar um candidato e o MDM também o fizer a oposição vai apresentar-se dividida no dia das eleições, facilitando uma vitória do candidato da FRELIMO.
A principal lição de Quelimane é que Manuel de Araújo foi eleito com os votos dos militantes e simpatizantes do MDM, mas também dos militantes e simpatizantes da RENAMO. Há mesmo quem diga que foi eleito, igualmente, com votos de gente da FRELIMO, dado que muita gente não gostou da forma como Pio Matos foi forçado a demitir-se.
Será que esta mesma coligação informal vai surgir agora em Inhambane? Veremos, mas não creio que isso seja possível. Para já, em Inhambane não existe
o descontentamento de membros da FRELIMO, como aconteceu em Quelimane. Depois não existem também, em Inhambane, algumas das razões que a RENAMO apresentou para não concorrer nas outras três cidades.
Para a oposição se apresentar unida à votação era necessário que houvesse uma decisão política de coligação eleitoral, mas não creio que o relacionamento entre os dois partidos permita essa conjugação de esforços, principalmente se for para favorecer um candidato do MDM.
Com a sua política desastrosa a RENAMO chegou à situação em que não tem nenhum Presidente de Município eleito, enquanto o MDM já tem dois. E o partido de Afonso Dhlakama não quererá que essa situação se agrave ainda mais, na sua perspectiva.
Uma aliança eleitoral para favorecer um candidato da RENAMO só poderia, no entanto, dar algum resultado se este partido tivesse aprendido as outras lições de Quelimane, desde a escolha do candidato até à elaboração de um programa com cabeça, tronco e membros e à organização das forças para transmitir, de forma convincente, esse programa e para impedir que fossem feitas as fraudes a que assistimos em anteriores eleições.
Não demorará a que saibamos a resposta a estas várias interrogações. E que seja tudo para a melhoria da vida em Moçambique.
Numa carta anterior propus o voto no candidato da FRELIMO em Pemba e dos candidatos do MDM em Quelimane e Cuamba. Acertei em dois dos três, o que não é mau para uma pessoa que, como eu, nunca viveu em nenhuma dessas cidades.
Um beijo para ti do
Machado da Graça