Intercalares em Cuamba: “Caso” Moreno remete-nos a uma reflexão sobre elegibilidade feminina

A segunda derrota consecutiva de Maria Moreno na sua corrida ao cargo de presidente do conselho municipal de Cuamba remete-nos a uma reflexão, se o país estará preparado ou não para eleger uma mulher numa disputa em que também concorrem homens. É que, à partida, a candidatura de Moreno numa autarquia em que se sabe ela é bem conhecida e influente sempre levou-nos a acreditar no seu favoritismo, mas no momento da verdade essa expectativa não tem passado de uma ilusão. No caso das municipalidades, Maria Moreno é a única mulher até aqui candidatada para o cargo de presidente autárquico.

Será os outros partidos políticos fizeram uma análise prévia do cenário do género em relação a candidaturas femininas para nunca o terem feito, diferente do MDM que o fez pela segunda vez consecutiva e sem sucesso. Será o MDM vai continuar a apostar numa candidatura feminina? Pode ser em Cuamba ou noutros municípios. Sabe-se, entretanto, geralmente as mulheres são mais acarinhadas. Entre elas espelham maior união do que os homens.

Ainda mais num país em que as mulheres representam a maioria. Qual deve ser a razão do insucesso consecutivo de Maria Moreno, uma mulher politicamente mais influente comparativamente os seus últimos dois adversários. Ou será a influência nacional que ela tem não conta localmente. Será Maria Moreno pode ser comparada com algas marinhas, o exemplo que muitas vezes se dá a políticos que atingem o apogeu sem, no entanto, possuírem bases capazes de os sustentar. Respostas à estas e várias outras perguntas que se podem fazer talvez esperar nas seguintes eleições se teremos mulheres a candidatar-se e se irão triunfar.

O AUTARCA – 19.12.2011

NOTA:

Na realidade, tem Moçambique imensas mulheres em lugar de destaque, no governo, Assembleia da República e na  administração, mas nem uma única eleita directamente pelo povo.

Porque será?

Fernando Gil

MACUA DE MOÇAMBIQUE