O Movimento Democrático de Moçambique (MDM) insiste na sua posição de considerar que as eleições intercalares verificadas no dia 7 de Dezembro foram marcadas por fraude eleitoral, pelo menos no município de Cuamba. Segundo Lutero Simango, chefe de bancada do MDM, falando no encerramento da 4ª sessão ordinária da Assembleia da República, os problemas verificados em Cuamba no que tange aos cadernos eleitorais, chama atenção e requer uma investigação para apurar responsabilidades quanto aos cidadãos com cartão de eleitor que não puderam votar.
“Por outro lado, o surgimento de cadernos eleitorais em determinadas mesas de votação em Cuamba não identificados ao nível central é sinal de manipulação dos resultados. Esperamos que as entidades eleitorais façam a devida apreciação destes fenómenos e factos para que se dê a oportunidade aos munícipes de Cuamba de expressarem livremente a sua vontade nas urnas”, vincou.
As eleições intercalares em Cuamba foram ganhas pelo candidato da Frelimo, Vicente Lourenço, que obteve 4.120 votos, contra 2.343 da candidata do MDM, Maria Moreno. Sabe-se que os resultados destas eleições, que para além de Cuamba, tiveram lugar nos municípios de Quelimane, na Zambézia, e Pemba, em Cabo Delgado, serão validados hoje pelo Conselho Constitucional.
Por outro lado, Simango mostrou-se preocupado com os índices de abstenção que se tem verificado nos processos eleitorais em Moçambique, o que, no seu entender, passa por se trabalhar de modo a que o país tenha um sistema eleitoral que tenha credibilidade necessária para atrair os eleitores até à mesa de voto.
“Esperamos que os órgãos eleitorais analisem com profundidade esta realidade e encontrem caminhos necessários para reduzir a taxa de abstenção nos pleitos eleitorais”, sublinhou.
Salientar que na cidade de Quelimane, o vencedor foi Manuel de Araújo, do MDM, que obteve 23.080 votos, contra 13.4476 de Lourenço Bico, da Frelimo. Em Pemba, Tagir Carimo, pela Frelimo, arrecadou 13.639 votos, contra 1.498 de Assamo Tique, do MDM, e 223 votos de Emiliano Moçambique, do partido Pahumo.
Entretanto, a Comissão Nacional de Eleições considera que as eleições decorreram de forma justa, livre e transparente, tendo apenas deplorado o elevado índice de abstenção.
Em Quelimane, votaram 36.356 dos 134.545 eleitores inscritos, o que corresponde a 27,96 por cento. A abstenção situou-se em 72,04 por cento, ou seja 96.931 eleitores não exerceram o seu direito cívico e constitucional de votar.
Do total dos votos expressos, 825 (2,19 por cento) foram considerados em branco e 433 (1,15 por cento) nulos. Em Pemba, estavam inscritos para a votação 88.011 eleitores, dos quais 16.017 (18,20 por cento) exerceram o seu direito de voto, o que significa que 71.994 (81,80 por cento) eleitores se abstiveram.
Ainda neste município foram escrutinados 282 votos em branco (1.76 por cento) e considerou nulos 457 (2,97 por cento), o que vale dizer que 15.260 votos foram considerados válidos.
Em Cuamba, os resultados apurados apontam para uma participação de 6.699 (14,60 por cento) eleitores que exerceram o seu direito de voto, num universo de 45.898 inscritos, o que significa uma abstenção de 85,40 por cento. Do total dos votos escrutinados, 6,441 (95,70 por cento) foram considerados válidos, 130 (1,94 por cento), em branco e 158 (2,36), nulos.
DIÁRIO DE MOÇAMBIQUE – 22.12.2011