— ameaça Afonso Dhlakama em comício na Beira
O líder da Renamo retomou na Beira o seu discurso belicista a voltou a ameaçar paralisar o país através de manifestações encabeçadas pelo seu partido. “No dia das manifestações nenhuma coisa vai funcionar no país... tudo ficará paralisado, pois nem aviões aterrarão, nem comboios e carros circularão do Rovuma ao Maputo”, disse Afonso Dhlakama num comício popular que orientou sábado no campo de futebol da Munhava. Segundo Dhlakama, “ninguém travará esse movimento, porque Moçambique é dos moçambicanos e não é de meia dúzia de pessoas que estão a enriquecer sozinhas, deixando o povo pobre”.
Dirigindo-se aos presentes, ele disse que convocará na quarta-feira, a partir da cidade de Nampula, onde actualmente vive, uma conferência de imprensa para anunciar o dia e hora exactos em que acontecerá aquilo a que apelidou de “revolução”, que visa “empurrar a Frelimo do poder”.
No comício da Munhava, fortemente vigiado pela Polícia da República de Moçambique, incluindo por agentes da Força de Intervenção Rápida (FIR), Dhlakama explicou que a tal “revolução” foi decidida em 2009, após as eleições legislativas e presidenciais ganhas pela Frelimo e pelo seu candidato, Armando Guebuza, alegadamente por não terem sido “justas, transparentes e livres”.
“Desde lá fomos sempre falando das manifestações, mas desta vez vão acontecer. Vim cá para vos dizer que chegou a hora de acabarmos com o sofrimento, sacrifício e humilhação a que somos submetidos pela Frelimo há 19 anos. Em todas as eleições somos roubados os votos, esta é uma das várias razões que nos levarão a fazer a revolução”, sublinhou, reafirmando que, “como sabem, não podia fazer as manifestações sem vos comunicar o facto aqui no centro do país, onde historicamente é a base da Renamo”.
“Não posso dizer hoje o dia, porque ainda é cedo, mas devo garantir-vos que começaremos as manifestações antes do 25 deste mês, que é o Dia da Família”, afirmou, solicitando aos presentes no comício que levantassem as mãos se desejassem aderir às manifestações, ao que foi prontamente correspondido e aplaudido.
Porém, o líder da Renamo, que discursou em português, sena e ndau, ressalvou que as referidas manifestações “serão pacíficas”, alegadamente porque, segundo as suas palavras, “não se pretende derramar sangue, mas sim mostrar que chegou a hora de a Renamo tomar o poder, porque Moçambique está sendo mal governado”.
“Dhlakama agora vai cumprir, pois diziam que é um leão sem dentes, mas agora já tem dentes. Moçambique vai mergulhar-se numa situação muito difícil”, disse, para depois afirmar que “estou a vê-los com caras murchas, que parecem que vivem no mato, este é sinal de pobreza, mas em contrapartida os filhos de 18 anos de dirigentes e ministros estão a sair com três mil dólares no bolso e a conduzirem carros Mercedes do último grito, que custam 250 mil dólares, e vão gastar tudo num dia na praia de Bilene”.
“Isso não é justo”, afirmou o líder da Renamo, enfatizando que tais filhos de dirigentes, que não citou, têm nas suas contas bancárias mais de 150 mil dólares e dirigem empresas.
O comício de sábado começou depois das 16.30 horas, quando estava marcado para 14 horas. Antes da chegada de Dhlakama ao local, apareceram viaturas transportando os seus seguranças. A equipa já integra mulheres.
DIÁRIO DE MOÇAMBIQUE – 19.12.2011
NOTA:
E agora?
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE