O ESQUEMA esboçado pelos mandantes do crime que vitimou o antigo director da Cadeia Central da Machava, em Maputo, Jorge Microsse, tinha por objectivo eliminar dois oficiais da Polícia, na altura afectos à direcção daquele estabelecimento prisional, segundo revelações feitas em vida pelo malogrado co-réu, Custódio Claúdio Manuel (Todinho), em auto de perguntas e que consta dos autos.
Porque Todinho perdeu a vida antes do processo ser julgado, a juíza Maria Manuela Oliveira fez questão de ler o auto por ele assinado aquando das investigações, onde teria revelado que Bernardo Timana, principal suspeito na morte de Microsse, o teria contactado no sentido de não só eliminar fisicamente o então director, mas também o comandante da cadeia responsável pelo Controlo Penal, Inácio Magaia.
Ao ler as declarações de Todinho proferidas aos investigadores do processo, a juíza pretendia confrontar o réu Bernardo Timana se isso constituía ou não a verdade, ao que este negou categoricamente como já o tinha feito quando perguntado se estaria ou não envolvido na morte de Microsse. Lendo o processo e citando o criminoso Todinho, a juíza destacou uma das passagens em que o falecido afirmou ter sido contactado para eliminar também Inácio Magaia, porque este teria se metido na vida de Bernardo Timana.
Aliás, na sua acusação, o Ministério Público aponta o réu Bernardo Timana de ter orquestrado o assassinato de Jorge Microsse porque estava revoltado com o falecido alegadamente porque teria inviabilizado a sua soltura da cadeia. De acordo com a acusação, uma vez que Timana estava envolvido noutros crimes, quando chegou a vez de soltá-lo porque havia cumprido pena num deles, o antigo director da Cadeia Central travou a soltura e mandou averiguar se não haveria outra pena por cumprir, facto que levantou ira em Bernardo Timana que sistematicamente o ameaçava de morte.
Na sua acusação, o Ministério Público aponta o empresário Bernardo Timana como sendo o principal responsável pelo assassinato de Jorge Microsse, um crime havido em 21 de Outubro de 2005, na zona de Massaca, distrito de Boane, província do Maputo. Este processo contava com três réus mas, com a morte de Todinho, respondem pelo crime Bernardo e Ernesto Timana (Bush), pai e filho.
Por ter faltado à primeira sessão de julgamento havida na última sexta-feira, a juíza Maria Manuela Oliveira ordenou a captura de Ernesto Timana “Bush”. Caso não justifique a sua ausência e por escrito nos próximos cinco dias, será recolhido aos calabouços.
As próximas sessões de julgamento estão agendadas para os dias 21 e 22 de Dezembro corrente onde, para além dos réus, serão ouvidos declarantes arrolados pelo Ministério Público e defesa.