A 1 de Janeiro de 1999 onze países[1] da União Europeia, mais a Grécia, em 2001, adoptaram o “Euro”, unicamente para as suas transacções comerciais e financeiras. Moedas e notas foram introduzidas, mais tarde, em 1 de Janeiro de 2002.
Foram postos a circular 80 mil milhões de moedas e notas, numa operação de grande complexidade. As notas são todas idênticas e as moedas possuem uma face comum, com indicação do seu valor e, na outra face, um símbolo nacional do respectivo Estado membro. A circulação do euro passou a ser livre.
Aquando do desenho da moeda ocorreu um pequeno incidente: na face comum mostram-se os países separados pela respectiva fronteira; pois na altura apareciam todos menos Portugal, que não estava individualizado na Península Ibérica.
Feito o reparo (para o que muito contribuiu o protesto e alerta feito por uma associação patriótica existente na altura – o Movimento 10 de Junho), a fronteira lá apareceu.
Não deixa, todavia, de ser curioso notar que o responsável pela “cunhassem” da moeda fosse um …… espanhol.
Portugal pôs-se em bicos dos pés para estar no pelotão da frente para entrar no euro. Preparámo-nos, com algum afinco, para cumprirmos os chamados “critérios de convergência”- quase como se de uma corrida de vida ou de morte se tratasse – mas sempre estivemos longe de ter uma economia ou finanças que sequer justificasseou aconselhasse, tal entrada.
Parece que hoje em dia já ninguém tem dúvidas disto.
As elites dos países “ricos” – isto é, aqueles que conseguiram emprestar mais dinheiro – estavam fartinhas de saber que não estávamos preparados para entrar mas, por razões políticas que interessavam ao núcleo duro do euro, e menos por “solidariedade”comunitária, não se opuseram.
É claro que, depois de entrados, embandeirou-se em arco e logo se baixaram as guardas e se enviou a disciplina orçamental às malvas.
E, desta maneira, foi a Nação Portuguesa expurgada de um dos seus instrumentos maiores de soberania, que nos acompanhava há 500 anos e que chegou a ser moeda franca em todo o Oriente, no século XVI, e a sexta moeda mais forte do mundo, no século XX, toda ela escorada em reservas de ouro e equivalente à riqueza (real) produzida.
Tudo se passou sem uma discussão pública digna desse nome ou referendo sobre tão momentoso passo, tudo enrolado e servido numa cortina de propaganda mediática. Fumos da Índia, que nem sequer eram nossos…
Nem durante os tempos da “Coroa Dual” filipina, houve Conde Duque de Olivares ou Cristóvão de Moura que a tanto se atrevessem.
Porém, alguma antiga sabedoria Lusitana sobrepôs-se ao deslumbre de muitos pacóvios indígenas e ignorou uma directiva ou sugestão comunitária, que mandava destruir as, até então, moedas nacionais.
Os zelotas de Bruxelas foram ao ponto de disponibilizarem máquinas (a 5500 contos cada), para todos os países executarem rapidamente tal desiderato. A Portugal estava destinado uma dúzia delas. Ninguém as levantou (comprou).
Os alemães, por ex.,sempre muito obedientes a um qualquer líder (fuhrer, na linguagem própria), que se instale, até montaram máquinas nos carros eléctricos que assim destruíam, de imediato, as moedas captadas e trocavam - nas por euros. Uma eficiência a toda a prova!
Ainda nos ofereceram umas seis máquinas, mas recusámos. Ao invés colocámos todos os escudos em contendores e guardámo-los nos paióis do Campo de Tiro de Alcochete. Nunca se sabe o dia de amanhã…
Quem assim decidiu merece louvor e condecoração.
Mudam-se os tempos mudam-se as vontades e surge a noticia de que, há cerca de um mês, “alguém”deu ordem para que funcionários da Casa da Moeda trabalhem, afanosamente, a triturarem os vetustos escudos.
Convém saber quem deu a ordem e porquê. É preciso colocar-lhe (s) umas orelhas de burro e alçá-lo (s) ao panteão dos “cretinos esféricos”.
Seguramente virão dizer que a moeda dentro dos contentores não servia para nada e, assim, sempre se ganham uns euros com algum sucateiro que queira aproveitar o metal. Aguardamos, ansiosos, as futuras trocas de robalos por alheiras.
A mim, todavia, não me parece nada que a razão seja esta, ou outra qualquer parecida. Penso sim, que algum sátrapa (internacionalista, federalista, comunitário), devidamente avençado, quis dar ao escudo (única moeda dos países aderentes ao euro, não destruída!), o mesmo destino que os sovietes vitoriosos da Revolução Bolchevique quiseram dar aos Romanov[2] : eliminá-los até ao último.
Isto tinha (e ainda tem), um significado inequívoco: não há retorno, não se volta para trás.
Este é, estamos em crer, o verdadeiro significado de mais esta infâmia miserável, que duvidamos prevaleça, do mesmo modo que dos Romanov houve quem sobrevivesse e hoje só há russos, já não há soviéticos.
Os portugueses que amam o seu país têm que começar a reagir, duramente, à destruição de Portugal.
Indo na onda, a mais alta figura do Estado veio, na sua loquacidade de marfim, mostrar-nos uma nova faceta, ao declarar “Urbi et Orbi” que “daqui a 50 anos o euro ainda estará por cá”.
Caros concidadãos não sei se perdemos um presidente mas ganhámos, seguramente, um profeta e um vidente.
13.12.2011
João José Brandão Ferreira
TCorPilAv(Ref.)
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(1)Alemanha, Áustria, Bélgica, Espanha, Finlândia, França, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Holanda e Portugal. Ficaram de fora o Reino Unido, a Suécia e a Dinamarca, que não quiseram aderir.
(2) Dinastia então reinante na Rússia