MARCO DO CORREIO
Por Machado da Graça
Bom dia Luís
Como estás, meu amigo? Tudo bem contigo?
Comigo tudo normal, felizmente.
Só que já ando há uns tempos para te falar de uma coisa que é também do teu interesse, na medida que moras aí na Catembe (sabes que palavras com K ainda me fazem alguma confusão…).
É a história da famosa ponte entre os dois lados da baía, sonho antigo que pareceu prestes a ser realidade e, agora, parece que voltou a ficar à espera de melhores dias.
Como sabes, existe um plano de construção da ponte associado à reabilitação da estrada que vai desde a Catembe até à Ponta do Ouro.
Depois de muitas negociações, o anterior Governo português, dirigido pelo Partido Socialista, tinha aceite financiar esse projecto e as coisas começaram a ser postas em movimento.
Só que, entretanto, caiu-lhes em cima a crise financeira e, com a queda da crise, caiu também o Governo de José Sócrates. E, com a queda de Sócrates, caiu também o projecto da nossa ponte. A primeira coisa que o novo Governo português fez, depois de tomar posse, foi enviar cá o ministro Paulo Portas a dizer que não ia haver ponte nem estrada para ninguém.
E aí começou-se a falar em que seria a China a financiar o projecto. A coisa circulou como sendo praticamente certa e a esperança voltou ao de cima.
Só que o tempo vai passando, mês após mês, e nada acontece. Aparentemente ou o boato era completamente falso e não havia nenhum compromisso do lado da China, ou então havia e, por qualquer razão, deixou de haver.
O que é certo é que, como se dizia antigamente, continuamos a ver a ponte por um canudo.
Ora, eu gostava de fazer uma pergunta e uma sugestão ao sr. Ministro dos Transportes: por que razão o projecto da ponte e a reabilitação da estrada para a Ponta do Ouro foram postos no mesmo pacote? E não seria melhor, nesta altura do campeonato, separar as duas coisas?
Gosto muito da Ponta do Ouro e não vou lá há muitos anos por causa do estado da estrada, mas não posso deixar de pensar que a construção da ponte entre os dois lados da baía é uma obra com um muitíssimo maior nível de prioridade.
Uma tal ponte, só por si, faria a Catembe dar um enorme salto em termos de desenvolvimento.
Um correcto plano de urbanização, com a construção, em quantidade, de alojamentos de qualidade média para famílias jovens poderia ser um importante passo na solução do gritante problema da habitação condigna.
E, é claro, retirando do projecto a reabilitação da estrada, os custos desceriam significativamente tornando mais fácil e possível encontrar o financiamento necessário. Se calhar até os financiamentos para as duas componentes, então separadas. Dinheiro para construir a ponte, por um lado, e dinheiro para reabilitar a estrada, por outro.
O que achas desta minha ideia, Luís?
Um abraço para ti do
Machado da Graça
CORREIO DA MANHÃ – 23.12.2011