O líder da RENAMO assegurou sexta-feira em Chimoio, Manica, que vai anunciar a data da “revolução” em Moçambique na segunda-feira, adiando a realização da manifestação prevista para sexta-feira, que promete derrubar o Governo em 24 horas. “Quero permitir que as pessoas comemorem o natal, porque como cristão que sou, não quero fazer correr mulheres grávidas, porque vai nascer dentro de dias o menino Jesus Cristo”, explicou Afonso Dhlakama, garantido a realização da “revolução” antes do fim do ano. Dhlakama disse ser um imperativo a realização de manifestações, à escala nacional, para conceber uma nova ordem politica, criar um governo de transição e preparar as eleições, em dois anos, para evitar ganhos fraudulentos da Frelimo, no poder, e trazer uma “democracia genuína”. À polícia, o líder da RENAMO pediu para não usar a força: “Responderei à medida”, avisou.
“A revolução é para a mudança. Vamos manifestar-nos de Rovuma ao Maputo e alterar o movimento normal do país, bloquear estradas, fechar caminhos de ferro e mais”, explicou Afonso Dlhakama, durante a conferência de desmobilizados de guerra, que termina no sábado, para traçar estratégias para a realização da manifestação. A “revolução”, antes prevista para sexta-feira, deverá decorrer na próxima semana, mas em data e local a anunciar, até segunda-feira, prevendo o derrube do Governo em 24 horas: “Faremos com velocidade e não permitiremos que demore como a primavera árabe”.
“Não vamos pegar em armas e disparar e matar pessoas. Estas reuniões são para organizar e defender a população que afluir as manifestações. Se o Governo mandar a policia disparar, darei ordens para responder, porque em Moçambique não há capacidades militares para travar a RENAMO”, disse Dhlakama, ovacionado pelos partidários. Na reunião, que decorre sob um forte aparato policial e a força paramilitar do líder da RENAMO, os 2676 desmobilizados de guerra, em Manica, juraram “entregar firme força” para cumprir as ordens, em caso de ação policial, para proteger os manifestantes. “Como lutador da democracia é chegada a altura do povo mandar a sua mensagem ao Governo. Foram 19 anos (desde a assinatura do Acordo Geral de Paz) de provocações, humilhação, escravatura e sacrifício. Não será uma manifestação de meia dúzia de membros da RENAMO, mas sim da população, a nível nacional”, disse. Ainda segundo Dlhakama, várias mulheres morrem em maternidades por não conseguir pagar um suborno de 50 meticais (1,3 euros) às parteiras para ter um atendimento melhor, e várias pessoas morrem de fome, com muitos biliões de meticais dos megaprojetos a serem divididos entre as elites, enquanto o povo suporta as “dividas externas do país”. Entretanto, a Policia da Republica de Moçambique (PRM) em Manica foi reforçada com um contingente de força especializada, anti-motim, e viaturas e blindados para manter ordem e tranquilidade pública, sobretudo, durante a quadra festiva. “A polícia está preparada para responder a qualquer alteração da ordem pública, pois foi reforçada com uma força especial (Força de Intervenção Rápida) e viaturas blindadas para se estabelecer em locais estratégicos”, disse sexta-feira à Lusa, Francisco Almeida, comandante provincial da PRM em Manica, após uma formatura.
A fonte disse igualmente que as operações policiais serão reforçadas pelo efetivo que faz trabalhos administrativos, para permitir que a população passe as festas de forma tranquila.
LUSA – 27.12.2011