SR. DIRECTOR!
Em primeiro lugar, gostaria de agradecer pelo espaço concedido nesta coluna, seguidamente, enaltecer o Estado moçambicano pela coragem de colocar à disposição “habitação para quem tem capacidade de endividamento”.
A Vila Olímpica foi construída aquando da realização dos X Jogos Africanos com a finalidade de acomodar os participantes das diversas modalidades desportivas e, portanto, acreditava-se que acabava de nascer um possível centro desportivo de alto rendimento em Moçambique, que pudesse ser usado por nacionais e estrangeiros.
Mas houve a coragem do nosso Governo em prescindir de um possível centro de alto rendimento para fazer nascer o maior projecto de habitação em Moçambique.
Querido Governo, em nome de muitos moçambicanos, vimos agradecer pela decisão aqui tomada que acolhemos com elevada satisfação, satisfação que foi notória no sorriso dos sortudos na sala de divulgação dos premiados e dos beijos incessantes dos casais ali presentes que viam nascer uma nova esperança em suas vidas.
Querido Governo, algumas pessoas dizem que a decisão tomada é de âmbito financeiro e político, financeiro porque não havia nenhuma maneira de se gerir a manutenção dos edifícios da vila aqui referida, e política porque via-se a manifestação de mais um dever cumprido em relação ao problema de habitação no Maputo.
Querido Governo, acredito que fez a sua parte, mas, aqui foram despoletados vários assuntos que não se esperava, como a capacidade de endividamento dos funcionários públicos, foi impensável que os funcionários públicos, técnicos superiores com mais de 10 anos ao serviço do Estado não pudessem ter acesso à habitação do maior projecto dirigido pelo próprio Estado.
Querido Governo, o processo conduzido pelas instituições do Estado responsáveis por este projecto foi minimamente transparente, mas gostaríamos de lhe fazer chegar os descontentes rumores que os vencedores propalam por aí, dizem que tudo estava bom demais para ser verdade, e isto foi visível quando o processo foi entregue a uma instituição financeira comercial, instituição essa que, como era de se esperar, emprestou novos conceitos financeiros ao projecto para torná-lo num projecto comercial desviando-se da finalidade essencial do projecto desenvolvido pelo nosso querido Governo, ou, sempre foi “comercial” e esqueceram-se de mencionar esta simples palavra que muda absolutamente tudo.
- K. Mungualice