SR. DIRECTOR!
Querido Governo, ouvi dizer que em primeiro lugar obrigam que todos os premiados tenham conta nesse banco como condição sine qua non, num banco que parece ser o único na praça onde, para se ter uma conta bancária o cliente deve ter um mínimo de 30 000 meticais, porque lá dentro toma-se café e muitas outras coisas, enquanto o cliente não é atendido.
Em segundo lugar e tratando-se de conceitos comerciais chamaram a atenção para o seguro de vida referente ao valor do imóvel que é de MZN 2 362 500,00 (dois milhões trezentos e sessenta e mil e quinhentos meticais) e, para tal, usaram o argumento que, em caso de morte dos proponentes, a casa continuará a ser do morto porque o seguro pagará, mas, esqueceram-se que, no ramo dos seguros, este constitui um dos seguros mais caros e cujo custo vai-se agravando de acordo com o resultado dos exames médicos (exames médicos cujo custo não é nada barato para um funcionário que nem capacidade de endividamento possui para ter uma habitação condigna).
Querido Governo, circulam também rumores que os vencedores andam desesperados porque também haverá regras de condomínio que incluirá taxas para diversos serviços (limpeza, segurança, jardinagem, etc.) e como é óbvio o custo será suportado pelos premiados, e parece-me que eles até nem se importam muito com isto, mas, o desespero agrava-se quando se toca nos custos do contrato com a Electricidade de Moçambique e Águas de Moçambique e dizem por aí que os condóminos até irão pagar o custo dos espaços públicos referentes a este fornecimento.
Querido Governo há muita coisa que gostaria de contar, mas enfim, tenho que terminar a carta referindo que, a prestação mensal do imóvel prevista para MZN 7 875 está muito longe de ser verdade, e foi com muita sorte e à rasca que muitos tiveram capacidade de endividamento para tê-las, mas já não sei se conseguirão manter-se endividados para viver e manter as casas.
Espero que o Querido Governo veja se, de facto, o que dizem por aí é verdade, porque se for, penso que será necessário pedir conselhos a técnicos financeiros e juristas capazes de contornar as várias condições exigidas para acesso a estes imóveis tornando-os mais acessíveis e satisfazendo os anseios políticos e financeiros deste projecto.
- K. Mungualice