UM novo porto de águas profundas poderá ser construído nos próximos quatro anos na localidade de Macuse, no distrito de Namacurra, na Zambézia. A Rio Tinto, uma empresa mineira a explorar jazigos de carvão em Moatize, proponente do projecto, vai investir mais de oito biliões de dólares norte-americanos, cabendo ao Executivo moçambicano criar as condições de base, nomeadamente reabilitação e asfaltagem da estrada Namacurra-Sede/Macuse, energia eléctrica da rede nacional, telecomunicações, entre outras.
O director do Centro de Promoção de Investimento (CIP), Lourenço Sambo, disse que a Rio Tinto já submeteu ã sua instituição o projecto de construção de um ramal da linha férrea Tete-Macuse, estando em curso um trabalho de análise do impacto ambiental e outros para a efectivação. Entrevistado pela nossa Reportagem, durante o lançamento do Plano Estratégico de Desenvolvimento da Zambézia, Lourenço Sambo disse que os estudos de impacto ambiental e outras de viabilidade poderão consumir mais de 20 milhões de dólares.
O nosso entrevistado acredita que o futuro porto de águas profundas de Macuse poderá estimular o volume de outros investimentos na Zambézia e o surgimento de iniciativas empresariais no recinto portuário e ao longo da linha férrea.
Lourenço Sambo disse que a ideia da Rio Tinto é exportar o carvão de Tete a partir do futuro porto de Macuse e a empresa já fez vários estudos que confirmam que a localidade de Macuse é a mais indicada para esse investimento estrangeiro.
Entretanto, Lourenço Sambo não referiu se o novo porto será construído ou não no mesmo local onde se localiza o Porto Bel de Macuse, que era usado pela ex-Boror Macuse para abastecer de copra os navios franceses e portugueses. A erosão e degradação tomaram conta de uma parte da infra-estrutura que actualmente se encontra em ruínas.
No contexto da construção dos cerca de 575 quilómetros da linha férrea Tete-Macuse, poderá haver um provável desvio para Quelimane, para o aproveitamento do porto da cidade capital da Zambézia. Caso se confirme a construção desse empreendimento económico, a vila sede distrital de Namacurra e Mocuba poderão ter portos secos e armazéns transitórios.
O Porto de Quelimane já não está a operar dentro das expectativas dos empresários por estar também, de algum modo, desajustado ao nível de crescimento que se almeja, sendo Macuse uma região encostada ao Oceano Índico e com todas as condições para navios de grande calado entrarem e saírem sem problemas, ou ter de esperar que a maré suba, como acontece em Quelimane.
Projecto aguarda aprovação
“O PROJECTO do porto de Macuse terá de ser aprovado pelo Conselho de Ministros, porque o volume de investimento é grande. Tenho fé de que o Governo está interessado nesse investimento e sobretudo no desenvolvimento da Zambézia”, disse Lourenço Sambo, para quem, no próximo ano, serão organizadas visitas à Macuse, as quais envolverão o Governo, a empresa Rio Tinto e outras partes interessadas.
Deste modo, estarão criadas as condições para a absorção da mão-de-obra nos dois empreendimentos, ou seja, no ramal da linha férrea quando chegar ao território da Zambézia e ao porto de Macuse.
Questionámos a Lourenço Sambo se factores políticos não poderão parar com esse investimento. “Não vejo nenhum problema em aprovar o projecto. O Governo quer desenvolver a província de forma particular e o país em geral”, respondeu o director do CPI, para depois acrescentar que o empreendimento será construído no contexto da parceria sector público-privado.
Trata-se de um projecto âncora que poderá impulsionar o crescimento económico da Zambézia, juntando-se ao outro investimento de construção da fábrica de produção de cimento, que também poderá ser implantada naquele distrito.
Os participantes da reunião do lançamento do Plano Estratégico da Zambézia aplaudiram o anúncio daquele investimento e pedem ao Governo que crie condições para a concretização do empreendimento, com vista a que não seja mais uma promessa como aconteceu com o Parque Industrial de Mocuba, que foi praticamente abortada.