O SECRETÁRIO Executivo da Comunidade de Desenvolvimento da Africa Austral (SADC), o moçambicano Tomaz Salomão, afirmou ontem que a integração africana e o incremento do volume das trocas comerciais intra-africanas estão condicionados à remoção de todas as barreiras que impedem a livre circulação de pessoas no continente.
Salomão é um dos participantes da Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da União Africana, que tem lugar este fim-de-semana em Addis Abeba, capital etíope, na qual Moçambique far-se-á representar por uma delegação chefiada pelo presidente Armando Guebuza, e que vai decorrer sob o lema “Impulsionando o Comércio Intra-Africano”. Falando quinta-feira em Addis Abeba, à equipa de jornalistas moçambicano que se encontram a cobrir o evento, Salomão explicou que, para se atingir este objectivo, os países africanos deverão promover a construção de estradas e de outras infra-estruturas necessárias para estimular o comércio, bem como eliminar as barreiras que dificultam o movimento dos comerciantes e de outros cidadãos ao longo das fronteiras.
Ironicamente, a Etiópia, anfitriã da Cimeira da União Africana, é um dos países que regista um fraco desempenho na movimentação de pessoas, tendo até agora assinado acordos para a supressão de vistos apenas com o Quénia e o Sudão.
Por isso, os cidadãos dos restantes países africanos precisam de vistos para entrar na Etiópia. Para o caso dos jornalistas moçambicanos, os mesmos tiveram que enviar os seus passaportes à embaixada etíope em Harare para solicitar o visto de entrada, devido a inexistência de uma missão diplomática da Etiópia em Maputo.
Segundo Salomão, a dificuldade para a obtenção de vistos de entrada apoquenta não apenas os jornalistas, mas também os delegados participantes no evento. Aliás, chegaram a ocorrer “situações embaraçosas” no Aeroporto de Addis Abeba que foram resolvidos mais tarde.
Por isso, disse Salomão, chegou a vez de as autoridades etíopes deixarem de “encarar com suspeição todos os indivíduos que queiram entrar na Etiópia”.
Actualmente, a maioria das trocas comerciais é realizada informalmente através do comércio transfronteiriço, envolvendo uma quantidade limitada de produtos. Para Salomão, os países africanos deveriam partir desta prática para criar grandes empresas de exportação. Ele acredita que os países africanos também deveriam encorajar o seu desenvolvimento, ao invés de inviabilizar o seu crescimento.
PAUL FAUVET, da AIM, em Addis-Abeba