PERANTE este cenário, Manica encontra-se num dilema que pode ser resolvido respondendo à pergunta: encorajar ou combater o garimpo? As opiniões são diversas e divergentes a respeito deste assunto. Enquanto uns defendem que a actividade deve ser encorajada por trazer vantagens comparativas na economia das famílias, contribuindo para o combate a pobreza, outros sustentam que a mineração artesanal tem consequências desastrosas ao ambiente, a medir pelos gritantes índices de poluição que se verificam sobretudo na rede hidrográfica daquela província.
Os que são pelo encorajamento do garimpo, embora reconheçam os problemas ambientais que dele derivam, insistem que a actividade deve ser continuada, defendendo que, entre preservar os rios e as espécies que neles vivem e permitir que as pessoas encontrem soluções e recursos para a vida hoje, não deve ser uma questão de opção, mas sim de sobrevivência.
De acordo com Lourenço Semente, secretario da Associação dos Garimpeiros de Munhena, em Manica e presidente da União dos Mineradores de Manica, a mineração artesanal constitui a principal fonte de sobrevivência de milhares de famílias, particularmente das regiões potencialmente mineiras.
Sem esta actividade e a medir pelos altos índices de desemprego que o país regista, segundo ele, não seria possível alcançarem-se os actuais índices de desenvolvimento humano e material que são reconhecidos à província e ao país.
Na sua óptica, proibir o garimpo seria o mesmo que condenar milhares de pessoas a fome, a falta de habitação, de transporte, de vestuário; seria inibir a educação dos filhos, em suma, significaria perpetuar a pobreza. Com o garimpo, segundo o chefe dos mineradores artesanais de Manica, muitas famílias saíram da indigência e estão a abrir horizontes para a sua prosperidade.
- Víctor Machirica