PROBLEMAS técnicos de engenharia e execução do projecto de reabilitação do regadio do Tewe-II poderão comprometer, seriamente, o plano de produção de arroz no distrito de Mopeia, na Zambézia, na campanha agrícola 2011/2012. Os erros técnicos mais graves constatados, segundo técnicos hidráulicos, têm a ver com o mau assoreamento dos canais de irrigação, drenos mal feitos e os desníveis de cota que não observaram o que aparece na planta de reabilitação do empreendimento.
Por se tratar de um sistema de irrigação por gravidade, a empreitada, a Hidro-África, deveria ser mais cautelosa nos trabalhos de reabilitação seguindo, rigorosamente, o que está projectado na planta. Entretanto, o Primeiro-Ministro, Aires Aly, que visitou, há dias, o empreendimento agrícola, orientou o empreiteiro para corrigir todas as falhas de reabilitação para que o plano de produção de arroz entre em marcha ainda nesta safra agrícola.
Aires Aly disse acreditar, no entanto, na solução do problema que se arrasta há vários anos, porque, segundo as suas explicações, tanto os investidores, a OLAM-Mocambique e a Hidro-África, a empreitada já tem em vista possíveis soluções e o Executivo vai acompanhar, desta vez, par e passo a correcção dos erros detectados e que perduram até hoje. Aires Aly diz ter recebido informações que os trabalhos de correcção dos erros serão feitos dentro do período sem comprometer a campanha agrícola em curso.
“Este é um processo normal, não podem pensar que todos os projectos podem correr às mil e uma maravilhas; o mais importante é termos a coragem de enfrentar os problemas, buscando soluções”, disse Aires Aly para quem, a província da Zambézia, deve trabalhar para consolidar o seu lugar na produção de arroz visto que ainda não conseguiu alcançar as 150 mil toneladas atribuídas no contexto interno para reduzir a dependência da importação do cereal.
A Hidro-África já apresentou várias versões sobre o atraso das obras e a má qualidade do trabalho realizado por ela a vários ministros e governadores. Desde o ano de 2008, quando Soares Nhaca era Ministro da Agricultura, até hoje, a reabilitação nunca termina por causa desses erros que, entretanto, não são corrigidos. No ano passado, o actual Ministro da Agricultura, José Pacheco, saiu de Tewe-II aborrecido e frustrado por causa do mesmo problema. O mesmo aconteceu com o governador da Zambézia, Francisco Itae Meque.
Desta vez, perante o Primeiro-Ministro, Francisco Itae Meque, atirou a toalha ao chão, dizendo estar farto com a Hidro-África e pediu socorro a Aires Aly para intervir no assunto. Todos os governantes que por ali passaram não tomarem medidas contra a Hidro-África. Todos falam mas ninguém tem a coragem de tomar uma decisão de recorrer às cláusulas do contrato para penalização de quem não está a cumprir o estabelecido no vínculo.
O regadio de Tewe-II tem um potencial de irrigação de 400 hectares, mas neste momento, estão a ser explorados apenas 227 hectares pelos 104 membros da Associação São Francisco de Assis.
Depois do colapso da reabilitação pela Hidro-África, a OLAM-Mocambique conseguiu um financiamento da União Europeia, de 35 milhões de dólares, para restaurar o regadio. Este investimento, que está a ser feito de forma faseada, introduziu, no regadio, tubos plásticos para permitir a circulação da água para todos os campos de produção.
No regadio de Tewe-II há campos de ensaio de variedades de arroz de ciclo curto. O Primeiro-Ministro ficou animado com aquela experiência e o envolvimento dos produtores no amanho dos solos.
POTENCIAL OBRIGA NOVOS INVESTIMENTOS NO AGRO-PROCESSAMENTO
ENTRETANTO, o potencial de 50 mil hectares irrigáveis para a produção de arroz, na região do vale do Zambeze, na província da Zambézia, obriga à necessidade de aprimorar mecanismos de atracção de novos investimentos para o agro-processamento. Há, neste momento, projectos de estudo das viabilidades técnicas e económica para estender a capacidade de irrigação dos campos de produção de Namacurra, baixo Licuari, Maganja da Costa e baixa Zambézia.Este facto, segundo o director da Agência de Desenvolvimento do Zambeze, Roberto Albino, a província da Zambézia vai, nos próximos anos, precisar de mais cinco fábricas de processamento de arroz, iguais ou mais modernas que a de Namacurra. O nosso entrevistado, disse que a agência recebeu do executivo a incumbência de mobilizar recursos para a concretização desses empreendimentos socioeconómicos.
Entretanto, a fábrica de processamento de arroz de Namacurra, poderá entrar em funcionamento em finais de Maio próximo depois da conclusão dos trabalhos de construção estimados em nove milhões de dólares norte-americanos, crédito bonificado do Governo chinês. A execução das obras está em 80 porcento e o empreendimento terá a capacidade de processar 150 toneladas de arroz por dia.
Das 150 toneladas previstas, 100 serão de arroz limpo, cinco de arroz-trinco, 35 de farelo e 15 de casca. A fábrica vai empregar 40 trabalhadores moçambicanos que depois serão treinadores para manejar o equipamento totalmente electrónico.
O Primeiro-Ministro que visitou o empreendimento, orientou a Sociedade de Gestão de Participações (SOGERI) a repensar na necessidade de implantar, no local, uma pequena unidade de produção de ração animal, actividade que, no seu entender, poderia impulsionar a piscicultura, uma outra actividade económica que garante a segurança alimentar de várias famílias.
Aliás, o Governo da Zambézia está a mobilizar provedores para o fornecimento de ração e alevinos para dinamizar o projecto de piscicultura nos distritos. A fábrica de Namacurra pode ser uma janela para essa actividade visto que, o objectivo é até 2013 abrir, na província, mais de mil tanques de piscicultura.