Bandidos na ofensiva e PRM da defensiva… A vergonha de uma instituição que praticamente só existe para proteger os governantes em detrimento do povo.
A cidade da Beira está a ser assolada desde o início do ano por uma onda de criminalidade sem precedentes. O trabalho da polícia quase não existe.
Se existe talvez para proteger os dirigentes e mais ninguém, porque os cidadãos, estes que pagam impostos para suportar os custos operacionais e com pessoal da polícia vivem cem por cento desprotegidos, 24 horas inseguros.
Na zona periférica da cidade a situação é terrível. Nem no tempo da guerra civil chegou a ser pior do que está hoje. É difícil compreender como é possível numa zona urbana um grupo de 14 bandidos circular a vontade. Esta é a primeira vez que esse cenário se regista na Beira. Se ontem os bandidos actuavam em pequenos grupos de três ou quatro elementos, hoje já circulam em número de 14, não admira ninguém amanhã assistirmos grupos de bandidos em número de 50 ou mais. O que a polícia está a fazer para evitar que isso aconteça, se na realidade o cenário da criminalidade na Beira mostra uma tendência crescente. Ou a polícia seria melhor demitir-se, ou então declarar publicamente que ela só existe para proteger os governantes e a si próprios.
Somam-se os residentes que se queixam de terem sido vítimas de assalto. Cidadãos feridos e roubados tem sido a consequência das incursões dos malfeitores na calada da noite. Se durante o dia todos os locais de aglomeração de pessoas, especialmente nas paragens dos transportes semicolectivos de passageiros, haja o perigo de pacatos cidadãos serem vítimas de carteiristas, quando chega a noite todos os lugares pouco iluminados e mesmo os iluminados, as residências e locais que os malfeitores sabem que são pouco patrulhados pela PRM, transformaram-se em palco para actuação dos amigos do alheio.
Segundo relatos de vítimas o número de assaltantes que invadem residências é grande, vai de quatro para cima chegando a ser de catorze malfeitores, como aconteceu semana passada na Manga. O tipo de instrumento privilegiado é a catana. Circular a noite, permanecer em locais de venda de bebidas alcólicas durante a noite, muitas vezes resulta em chegar a casa sem telefone móvel porque pelo caminho se cruza com ladrões armados que não hesitam em intimidar e roubar.
A PRM nomeadamente o seu comando não tem mostrado serviço preventivo. As “famosas motas” da Brigada Anti-Crime já não circulam pela cidade e muito menos pelos subúrbios.
Quando se telefona para a esquadra mais próxima a informação que se recebe é de que não há efectivo para acorrer a situação.
Onde estão os polícias durante a noite? Os diversos departamentos da PRM na província o que fazem para controlar a onda de crime que ressurgiu?
Assassinatos não esclarecidos, roubos a lojas e residências, assaltos na via pública muitas vezes nas barbas de patrulhas da PRM como acontece amiúde nas praças onde se apanha o vulgo “chapa cem” tudo faz crer que a PRM relaxou e que a liderança não está fazendo o que lhe compete.
É do conhecimento de todos que há problemas com meios de trabalho e que os orçamentos disponíveis não permitem que a PRM actue da melhor forma.
Mas também é de domínio público que o governo tem feito esforços adicionais para equipar a PRM com meios.
Já se pode ver mais viaturas da PRM circulando na cidade e por algum tempo as motas do BAC eram visíveis.
Quando não se ocupa os espaços críticos e os malfeitores dão-se conta que a rotina policial não abrange certos locais, eles rapidamente instalam-se e ocupam essas posições desertas.
O número ou percentagem de desempregados é assustador.
A maioria dos jovens e mesmo adultos que pululam pela cidade vive de esquemas, biscatos que obviamente não conseguem satisfazer suas necessidades básicas. Onde até guardas de segurança privada roubam ou associam-se a ladrões, dando confirmação de que a situação está de facto complicada.
O comando da PRM em Sofala não pode produzir alegações para não fazer o seu trabalho e ser rápida a desrespeitar o preceituado na CRM. A presunção de inocência não pode ser atropelada pela PRM.
Espera-se que a PRM em todos os seus sectores, Polícia de Protecção, Polícia de Trânsito actuem diligentemente.
Ver uma instituição de defesa da soberania apática e reactiva não é propriamente o que os cidadãos querem.
A conjuntura actual difícil que é não pode ser razão para os que juraram defender a ordem pública e a legalidade se deixem cair no comodismo e não realizem o trabalho que é sua responsabilidade.
Se o comando da PRM não tiver a capacidade de controlar o que as esquadras das zonas suburbanas fazem, se as chefias intermédias estão distraídas e pouco preocupadas em saber da situação no terreno é obvio que os cidadãos continuarão a ser vítimas dos malfeitores.
O crime, os assaltos com catanas ou armas de fogo, podem ou já se transformaram em meios de sobrevivência e angariação de fundos para a concretização do que os larápios consideram “vida”.
É preciso que a cadeia de comando funcione e se faça sentir para que os escalões inferiores cumpram com as suas obrigações.
A PRM deve estar presente todos os dias não só quando a visitas de responsáveis superiores.
Do Ministério do Interior e do Comando geral da PRM deve haver uma capacidade de controlar, monitorar, responsabilizar todos os dias.
Não se pode viver e ficar satisfeito com relatórios falseados enquanto a população está sofrendo.
As vítimas dos assaltos na Beira clamam por um trabalho da PRM. Chega de desculpas e justificações de falta de meios ou de efectivo.
Se há patrulhas diurnas visíveis em vários cantos da zona urbana o mesmo deve acontecer durante a noite nas zonas suburbanas…
O AUTARCA – 21.02.2012