AS autoridades ligadas aos Serviços de Florestas e Fauna Bravia em Gaza acabam de neutralizar uma tentativa de movimentação ilegal de um total de 15 búfalos capturados e tornados reféns por um período de cerca de uma semana na região de Chihondzone, distrito nortenho de Chicualacuala, para o povoado de Gwegua, um acto que, segundo nossas fontes, foi protagonizado por uma empresa denominada Massingir Safaris.
Informações em nossa posse indicam, por outro lado, que dos 17 búfalos capturados ilegalmente pela referida empresa dois destes viriam a morrer durante o processo de imobilização dentro do cativeiro, por razões ainda desconhecidas. No local foram ainda encontrados dois troféus em avançado estado de decomposição.
A intenção da Massingir Safaris, caso a tentativa não tivesse sido gorada, de acordo com dados avançados pelas nossas fontes, era de mantê-los em cativeiro por um período de três meses, para a posteriormente serem transferidos para aquela fazenda de bravios.
Segundo informações facultadas por fontes ligadas aos Serviços Provinciais de Florestas e Fauna Bravia de Gaza, os referidos animais, constituídos por 12 fêmeas adultas, dois machos e uma cria, estavam retidos num cercado de uma área de um hectare.
Conforme apontam as nossas fontes, os animais foram capturados em Dezembro último, a coberto de uma pretensa mitigação do conflito Homem/fauna bravia, supostamente tendo em vista a defesa das culturas dos camponeses.
Sabe-se ainda que no local foram interpelados pelos técnicos da Fauna Bravia oito trabalhadores responsáveis pela construção do cercado e pela captura e movimentação dos animais de Chihondzoene para o cativeiro.
Refira-se que daquele efectivo de trabalhadores envolvidos naquelas operações três são oriundos de Massingir Safaris e os restantes cinco recrutados na comunidade local, em Chicualacuala B.
CONSTATAÇÕES TÉCNICAS
Segundo indicam as constatações técnicas feitas pelo pessoal destacado para Gwegua, a maior parte daqueles animais não se saciava com a quantidade de capim e água que lhes era garantida, uma das razões que, eventualmente, terá concorrido para a morte dos dois búfalos em cativeiro.
As autoridades da Fauna Bravia em Gaza referem no documento enviado à nossa Delegação de Xai-Xai que a ausência de autorização apropriada de captura e transladação de búfalos no terreno concorre para a ilegalidade da actividade.
Por outro lado, ainda na óptica dos Serviços Provinciais de Fauna Bravia, o estado de saúde deplorável dos animais, stress, entre outros problemas determinaram a libertação urgente dos mesmos.
Outra razão para a tomada da referida medida prende-se com o facto de a área do cercado ser menor, desprovida de capim suficiente para alimentar aquela quantidade de búfalos durante o período de cativeiro.
A equipa técnica destacada ao local deplorou ainda, no seu relatório, o pretexto apresentado pelos Serviços Distritais de Actividades Económicas (SDAE), segundo o qual a operação tinha em vista proteger as populações de eventuais actos protagonizados por búfalos no seio daquelas comunidades, uma vez que os macacos e os elefantes devastam muito mais culturas do que os búfalos, e em nenhum momento aquela direcção teria qualquer tipo de iniciativa de ordenar a captura desses devastadores, uma posição que deixa transparecer indícios de cumplicidade por parte daquela entidade em Chicualacuala.
O SDAE subestimou a gravidade do assunto pelo facto deste não ter contactado, atempadamente, os SPFFB sobre a questão. O operador agiu de má fé, pois este estava sobejamente informado de que o pedido sobre a captura dos referidos animais não era possível, para além de não possuir nenhum tipo de licença para o exercício daquela actividade.
De acordo com o regulamento, o repovoamento de fauna ou qualquer introdução de espécies requer que o operador obtenha autorização de acordo com a legislação vigente.
- VIRGÍLIO BAMBO