Alguns intervenientes no cultivo da Jatropha em Moçambique advogam criar uma associação de produtores desta oleaginosa usada para o fabrico de biocombustíveis.
O objectivo é de desenvolver e promover a união das empresas produtoras da Jatropha, de forma a se compartilharem os desafios e capitalizar-se os ganhos.
Actualmente, cada uma das empresas que desenvolvem esta cultura fá-lo praticamente de forma isolada, não obstante se tratar de uma cultura nova e que, na maioria dos casos, está ainda na fase da sua experimentação.
“Não é ainda um mercado competitivo, pois até os próximos vinte anos não poderá responder as necessidades em bio – combustíveis”, disse Heinrich Van Der Merwe, da empresa ‘Níquel’ que possui um DUAT para cultivar Jatropha em 7.500 hectares de terra, no distrito de Chibabava, província de Sofala, Centro de Moçambique, e que agora já explora 1.500 hectares.
Segundo a fonte, muita coisa devia ser partilhada e isso só pode ser possível com intercâmbios promovidos por uma associação, por exemplo.
“É uma cultura nova e as informações vão saindo pouco a pouco, o que retarda ainda mais a percepção sobre a importância desta planta”, disse a fonte.
Esta posição também é secundada por João Gomes, da GalpBuzi, que cultiva Jatropha no distrito do Búzi, também em Sofala, que afirma que as experiências, principalmente as boas práticas de cultivo da Jatropha, deviam ser compartilhadas.
É que ainda prevalece algum cepticismo quanto a potencial contribuição dos biocombustiveis na vida das comunidades e na salvaguarda do meio ambiente.
Enquanto isso, Bachir Afonso, da Agro-negócio, que desenvolve projectos de cultivo e processamento da Jatropha na província nortenha de Cabo Delgado, promete fazer tudo o que estiver ao seu alcance para que a criação da associação seja um sucesso.
“Os produtores da Jatropha ainda não se conhecem, por isso é que cada entidade aparece com a sua abordagem. Mas acredito que com uma associação de produtores da Jatropha muita coisa poderá mudar positivamente”, declarou Afonso.
“Espero que no futuro tenhamos uma associação de produtores da Jatropha. Eu mesmo procurarei contactar os demais intervenientes para que a associação seja criada”, acrescentou.
Um dos grandes desafios das empresas é a divulgação das tecnologias sustentáveis sobre o cultivo de Jatropha.
A EMVEST que cultiva Jatropha na zona de Taninga, distrito da Manhiça, Sul de Moçambique, para além de estar a aumentar as áreas de produção da oleaginosa, decidiu ainda produzir hortícolas e outras culturas alimentares, para além de pastar o gado bovino nos campos da Jatropha, ajudando, desta forma, na ‘sacha’, já que estes quadrúpedes não se alimentam de folhas desta planta.
Nicodimas Gatchangue, técnico agrário da EMVEST, diz que a empresa, mesmo nesta fase inicial, chega a render, por dia, cerca de sete mil meticais (cerca de 260 dólares americanos) em vendas de hortícolas.
Desde que o desafio do cultivo da Jatropha foi lançado pelo Presidente Armando Guebuza, no decurso do seu primeiro mandato, iniciado formalmente em 2005, várias entidades abraçaram a iniciativa, havendo já projectos que já estão a dar alguns resultados no Sul, Centro e Norte do país.
A crise mundial também caracterizada pela subida galopante dos combustíveis fosseis, para além da necessidade de se avançar para os biocombustiveis devido as consequências das emissões provocadas pelos combustíveis fosseis, ajudou a criar interesse em torno da cultura da Jatropha em Moçambique.
MZ/DT
AIM – 17.02.2012