A POLÍCIA da República de Moçambique (PRM), em Nampula, está a tentar persuadir a direcção da Renamo para a libertação de um cidadão que responde pelo nome de Emane Buantão, encarcerado há mais de 20 dias nas instalações da delegação política daquela formação ao nível da cidade, indiciado de tentativa de “espionagem” ao ajuntamento dos ex-guerrilheiros da “perdiz”, naquele local.
As tentativas de negociação das equipas da PRM, visando demover a Renamo a libertar o cidadão por si encercerado, um crime punível nos termos da lei, iniciaram sexta-feira passada quando os filhos e outros familiares de Emane Buantão decidiram quebrar o silêncio e notificar à corporação a detenção do seu parente.
Segundo Inácio Dina, porta-voz da corporação ao nível do Comando Provincial, as negociações não estão a ser bem-sucedidas devido ao facto de a cúpula da Renamo não se ter predisposto ainda a receber os enviados da PRM.
“Não estamos a conseguir falar com as chefias da Renamo, as equipas que enviamos têm sido recebidas por pessoas que não têm poder de decisão, daí não termos logrado qualquer avanço” - explicou Dina.
O cidadão Emane Buantao, de 46 anos de idade e residente no Quarteirão 5 do bairro de Namicopo, foi encarcerado desde o passado dia 8 de Fevereiro em curso quando, transitando pela rua dos “Sem Medo”, onde se encontra localizada a Delegação Política da Renamo ao nível da cidade, procurou saber da razão do ajuntamento de homens naquele local.
A nossa Reportagem esteve ontem em Namicopo, mais concretamente na residência do encarcerado, onde colheu algum depoimento de alguns familiares. Harera Emane, filha mais velha do encarcerado, disse que desde dia 8 de Fevereiro, ela, juntamente com os seus irmãos e sua mãe, têm experimentado os piores dias das suas vidas devido à falta de informação sobre o estado do seu pai.
“O que posso dizer é que o meu pai foi preso no mesmo dia em que espancaram os jornalistas da TVM, não sei o que se está a passar com o meu pai, se está vivo ou morto, não posso dizer, daí que peço ao Governo para fazer alguma coisa” - suplicou Harera Emane.
A sua avô materna, em estado de desolação total, veio da Ilha de Moçambique para a cidade de Nampula com intuito de “saber” o mal que o seu filho fez. “Ouvi dizer que foi preso porque o encontraram com cartão da Frelimo no bolso”- disse a mãe de Emane.
Inácio Dina refere que, caso fracassem as negociações, a corporação recorrerá ao uso da “força pública” que a lei concede às instituições do Estado, para resgatar o cidadão em causa.
Os jornalistas que se fizeram presente ao Comando Provincial da PRM, para ouvir o posicionamento da corporação em relação ao encarceramento do cidadão Emane, recusaram-se de forma unânime deslocar-se à sede da Renamo, a fim de ouvir a versão daquela formação política sobre o assunto, devido ao medo de serem espancados, como aconteceu com os seus colegas da TVM no pretérito dia 8 de Fevereiro.
Informações disponíveis indicam que quem está à frente das “operações” dos ex-guerilheiros é o deputado Simão Bute, um oficial superior da Renamo durante a guerrilha, apologista do retorno àguerra civil, segundo deixou claro em ocasiões anteriores em que a “perdiz” equacionou esta possibilidade.
Lembre-se que os ex-guerilheiros da Renamo estão em Nampula desde Dezembro do ano passado, a convite da respectiva presidência para alegadamente participarem numa reunião de definição de estratégias para a realização da revolução pacífica, para desalojar a Frelimo do poder.
Os cerca de 400 homens, ex-guerrilheiros, estão concentrados na residência do líder da Renamo, Afonso Dhlakama, sita na rua das flores, bem como na rua dos “Sem Medo”, na delegação politica da cidade.
NOTA:
Porque será que nesta confrontação que se adivinha em Nampula ninguém fala em desarmar os ex-guerrilheiros da Renamo? Joaquim Chissano, Armando Guebuza, Afonso Dlakhama e Raul Domingos devem uma clara explicação ao povo de Moçambique. Porque esperam?
Fernando Gil
MACUA DE MOÇAMBIQUE