Correspondênci@ Electrónic@ Por: Noé Nhantumbo
Regularidade e Qualidade são possíveis quando há interesse…
Na cidade da Beira, os utentes dos transportes públicos de passageiros e dos semi-colectivos de passageiros estão abraços com problemas sérios. Todos os dias qualquer deslocação que se faça é um bico-de-obra.
Nem os “chapas cem” nem os TPB dão conta do recado. Não é difícil compreender o comportamento dos “chapas cem” quando os motoristas encurtam rotas numa perspectiva de realizar a receita do patrão e ainda ir para casa com “algum”. Aqui quem deveria intervir, a fiscalização do Conselho Municipal e a Polícia de Trânsito embora sabendo das tácticas dos motoristas nunca estão presentes para multar e penalizar quem assim procede.
Mas a questão preocupante é com os Transportes Colectivos de Passageiros (TPB). A qualidade do serviço prestado por esta empresa pública é deplorável. A justificação antiga de insuficiência de frota já não corresponde a verdade pois o governo central entregou um número de veículos que tem a capacidade de responder às necessidades da cidade da Beira.
Em nome da economia, sustentabilidade e dos lucros a direcção dos TPB enveredou pelo transporte interprovincial em detrimento do transporte urbano de passageiros que é sua vocação e mandato.
Entende-se que o governo subsidia o transporte público urbano. Assim sendo a tarefa do TPB deve ser servir bem os citadinos da Beira e não entrar em concorrência com transportadores privados no transporte inter-provincial de passageiros.
A rentabilidade e sustentabilidade procurada podem ser alcançados através de uma gestão criteriosa da frota existente, operando dentro da cidade e sem ter que ir para Quelimane, Tete, Inhambane ou outro destino qualquer.
Um olhar ao número de interessados em viajar nas terminais suburbanas e urbanas leva a crer que há passageiros que podem rentabilizar a actividade de transporte. Há concentração de passageiros nas primeiras horas de trabalho do dia e no fim do mesmo e isso é óbvio.
Os gestores dos TPB têm de conseguir conciliar frota, tipo de frota com os períodos de maior ou menor solicitação. Não é económico enviar um autocarro de 100 lugares em horas “mortas” em que se sabe que há poucos passageiros. Isso requer uma unidade menor, de 30-35 lugares, coisa que depende do tipo de frota disponível e da planificação.
Os utentes não podem viver todos os dias na incerteza se o autocarro dos TPB virá ou não. Deve ser urgentemente proibido o transporte interprovincial efectuado pelos TPB e afectar os autocarros que estão realizando essas viagens no transporte de passageiros na Beira que é a sua tarefa primordial. Enquanto houver carência na Beira não faz sentido nem é lógico ir para outros destinos.
Para além do aspecto de concorrência desleal aos operadores privados de transporte inter-provincial de passageiros se quisermos considerar que as licenças definem onde cada um deve actuar, a opção inter-provincial tem que provar que traz lucros e aquela sustentabilidade desejada.
Parece que os TPB andam ao sabor do vento e sem uma planificação propriamente dita.
A compra de novas unidades deve obedecer a estudo do mercado, conhecimento profundo da qualidade e durabilidade dos veículos a adquirir, preparação de recursos humanos à altura do desafio, stock de sobressalentes adequado, enfim todos os aspectos da gestão deve ser precavidos.
Não se pode gerir os TPB apalpando, sem ir ao terreno e ignorando a dinâmica citadina.
Na verdade já é tempo de deixarmos de aceitar justificações pela incapacidade de bem servir os utentes.
O AUTARCA – 27.02.2012