A tese bíblica de que os primeiros serão os últimos e os últimos os primeiros, está a confirmar-se como verdadeira no que tange ao desenvolvimento socio-económico deste enormíssimo país ligado a Moçambique por laços históricos inquebrantáveis.
Com efeito, Angola registou nos últimos 10 anos de paz efectiva um desenvolvimento tão acelerado que a catapultou para um nível tal que faz com que os que a visitam não se apercebam que há uma década era um país que jorrava sangue das feridas que uma guerra fratricida a tinha causado e muito menos que a maioria das suas cidades haviam sido reduzidas a ruínas calcinadas.
Como que inspirando-se na China que se modernizou em apenas 30 anos, também os angolanos protagonizaram o milagre de não só reconstruir todas as suas cidades e tudo o resto que a guerra de Savimbi e do seu então aliado apartheid haviam destruído, como foram mais longe, construindo novas e majestosas urbes, na sua maioria apenas nos últimos cinco ou mesmo dois anos. Na verdade, Angola é o mesmo país, mas com uma nova e mais bela face e dinâmica e que tudo indica que será uma nova potência africana como é a Africa do Sul. Em Angola, tudo está sendo feito para tornar este país num dos mais desenvolvidos e um dos que integrará a lista dos mais avançados em todas as áreas.
Como que inspirando-se na tese do velho Mwalimo Julius Nyerere quando dizia que, para os países africanos eliminarem o atraso em que estão, devem correr para que possam acertar o passo, os angolanos estão de facto numa verdadeira corrida em prol do desenvolvimento do seu país, e há já consenso de que eles estão a conseguir essa epopeia. Hoje, Angola conta com dezenas de cidades modernas que nunca antes existiram, como a de Kilamba que se localiza a 20 quilómetros a sul de Luanda e que ocupará uma área de 5.200 hectares. A nova cidade já conta com mais de 20 mil apartamentos modernos e, próximo ano, estarão já concluídos todos os 60 mil projectados e que se distribuem por prédios que vão de quatro a 12 andares.
Para além da (re) construção das velhas e novas cidades, o governo angolano fez o mesmo em relação as infra-estruturas, sendo uma das evidências disso a construção de novas estradas que totalizam mais de seis mil quilómetros, o que é mais do que o dobro de todas as estradas que haviam sido construídas ao longo dos 500 anos em que esteve colonizado por Portugal. Numa palavra, os angolanos fizeram muito mais em apenas 10 anos de paz do que o que os seus colonizadores haviam feito em cinco séculos. Mesmo o Aeroporto da sua capital, já está em construção de um novo que, segundo nos afiançaram, será maior que o de Joanesburgo que até agora era o maior da África e de muitos países europeus, como o de Lisboa.
Aqui tudo está sendo (re)feito, como é o caso da velha cidade de Luanda, e erguidas novas infra-estruturas, como a construção de uma série de torres ou prédios de alturas nunca antes vistas aqui nesta urbe de mais de 8 milhões de habitantes. Em grande parte, essas torres de vidros são de entre 20 a mais de 40 andares.
Estas torres fazem parte de um vasto programa de requalificação em curso aqui na capital angolana, fazendo desta urbe uma das mais belas e cintilantes da Africa e do resto do Mundo e deixando os seus habitantes com autêntico orgulho de terem uma cidade que os dignifica. Mesmo o lixo e os buracos que eram há 10 anos uma das suas marcas que a identificavam já são coisa do passado. Hoje, Luanda já não é uma cidade rota e muito menos suja, e o único problema que ainda persiste, é o seu intenso e quiçá tumultuoso e caótico transito, mas mesmo estes problemas, parecem ter já os seus dias contados, porque a requalificação dará certamente lugar a novas e mais largas vias para escoar a sua crescente frota automóvel, ao mesmo tempo que a sua polícia de trânsito está sendo impelida a ser mais rigorosa e não corrupta.
A CONTRIBUIÇÃO DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO TEM SIDO FUNDAMENTAL
Um dos sectores em que o governo angolano tem estado a investir em grande escala é o dos meios de comunicação, porque o considera como aquele em que todos os angolanos se podem comunicar como um povo que é feito de cada pessoa que vive isoladamente num certo ponto deste imenso país, e que ficaria tão isolado caso não houvessem os media que o fazem saber da existência de outros angolanos e de outros países além fronteira. Os media aqui em Angola são, para além de ouvidos, olhos do rei ou do seu governo, a sua voz mais audível com que fala ao seu povo, como o são também a voz com que o povo diz o que quer que o seu governo faça ou corrija.
Para evidenciarem a importância dos media e a razão que faz com que o governo invista neste sector até ao ponto de apoiar as empresas privadas de comunicação de massas, apontam o facto de ter sido os media que mais do que ninguém, disseminaram a notícia de que Savimbi havia sido finalmente morto e que isso abria um caminho para a pacificação do país. Contam os angolanos que se não tivesse sido a exposição do corpo de Savimbi pela Televisão do país e a publicação do mesmo pelos jornais, não teria sido fácil convencer a maioria dos angolanos que ele havia sido morto de facto. Dizem que havia já no país um tal mito de que Savimbi era inexpugnável às balas e até mesmo imortal, mas que foi graças a exposição do seu corpo já sem vida que desfez esse mito.
Para os dirigentes angolanos, os meios comunicação são tão vitais e determinantes para o sucesso da sua agenda de desenvolvimento socio-económico como o são outros sectores. O executivo vale-se dos meios de comunicação para comunicar-se com o povo, do mesmo modo que é a partir dos meios de comunicação que fica a saber das aspirações do mesmo povo. Eles vincam que para o governo saber o que se passa em cada ponto deste pais tão grande, só é possível sabe-lo a partir da cobertura que é feita pela imprensa pública e privada, dai que o executivo tem estado a investir milhões de dólares.
Para se ter uma ideia desse investimento, basta dizer que aplicou mais de 160 milhões de dólares, incluindo mais de 60 milhões na construção de um mega-centro para a produção de programas da sua televisão pública, a TPA. Outro dos elementos que indica o quão Angola está a investir neste sector, é que os seus meios de comunicação têm pelo menos 10 vezes mais jornalistas que os moçambicanos, não obstante a população moçambicana seja muito maior que a angolana, que neste momento se estima em 18 milhões de habitantes contra os mais de 23 milhões de moçambicanos.
Olhando para os milhões que o governo angolano tem estado a investir em prol do desenvolvimento dos seus meios de comunicação, apercebe-se logo que assume mesmo que este sector é como era visto por Samora Machel, que o via como um destacamento avançado na luta de classes, e que por isso assume em definitivo que a paz que se vive no país, só será para sempre se se assumir o conceito de que o fim da guerra das armas em 2002 deu lugar a uma nova guerra, que é a guerra política que, como sabemos, se define como sendo a continuação da guerra sem o derramamento de sangue, e que tem tido nos meios de comunicação as suas principais armas.
GM/DT
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AIM – 17.03.2012