Não tem tempo esta mulher, por isso foi sorte o “Notícias” ter conseguido interrompê-la para dar esta entrevista. Está sempre a cozinhar e a mandar embalar a comida para todos os trabalhadores da construtora ZAGOPE, responsável por construir e/ou reabilitar a estrada Mueda/Namoto, distrito de Palma, passando por Mocímboa da Praia.
“Olha que estou a receber chamadas dos chefes das frentes, eles quererem saber se o almoço está pronto, pois, estão já a vir buscar. São nove horas, mas para a comida dos que estão a trabalhar em Mueda, é hora de aprontar o almoço”, adverte-nos Maria Alzira Ragethy, apelando-nos para a nossa capacidade de síntese em relação ao que nos levava a abordá-la.
Na verdade, queríamos saber duma mulher que gere, de há algum tempo para cá, um restaurante de nome Estrela, frente ao comando distrital da Polícia da República de Moçambique (PRM), em Mocímboa da Praia, mas que, desta vez, vimo-la muito atarefada, com vaivéns de viaturas da empresa que ganhou a empreitada de reabilitar a estrada Mueda/Mocímboa da Praia e construir a de Palma, até Namoto, no rio Rovuma.
“Normalmente, nas manhãs, faço 70 matabichos. Os trabalhadores passam por cá e, ao almoço, devo fazer entre 30 a 35 “take aways” para Mueda e entre 170 a 180 para Mocímboa da Praia”, explicou Ragethy.
A nossa interlocutora, que já foi, muitas vezes, empregada de outros, tendo mais tarde sido encarregada da Caritas, em Mocímboa da Praia, durante 17 anos, diz que o negócio com a ZAGOPE começou quando atendia ente 30 a 40 pessoas, mas depois o número foi subindo, conforme sobe o volume de trabalho nas estradas atrás citadas.
Teve que aumentar o pessoal serventuário, tendo subido de três para seis pessoas, dada a flexibilidade e infalibilidade que se exigem para atender ao cada vez maior número de pessoas, que de momento a momento muda de lugar, conforme a progressão das obras.
“Aqui exige-se grande responsabilidade porque não deve falhar. Sempre tentar atendê-los na hora que querem. Normalmente, os almoços para Mueda, concluímos às 10.00 horas (aqui interrompeu para atender um telefonema…), mas olha que hoje estão a pedir para que seja às 9.00 horas. Isso depende da posição geográfica em que se encontram”, esclareceu Ragethy.
A nossa interlocutora, que disse não ter ainda recorrido ao Fundo de Desenvolvimento Distrital, funciona com base num empréstimo que obteve da AMODER (Associação Moçambicana de Desenvolvimento Rural). Não o faz por lucro, segundo Maria Ragethy explicou:
“Não encontro lucro neste negócio, até porque o prato não está ao valor real que faço para os meus clientes. É um pouco baixo, mas insisto-o porque me está a criar estabilidade, a garantia e certeza de que todos os dias vendo e penso que é uma grande oportunidade de adquirir uma forte capacidade de trabalho”.
Ao mesmo tempo que, segundo sua convicção, publicita o nome do seu restaurante, mas também acha que ganha confiança entre as grandes empresas ou instituições com as quais só se pode lidar quando se é sério.
A nossa entrevistada acredita, todavia, que do que der do negócio, será suficiente para melhorar as próprias instalações do restaurante e pensar em desenvolver mais as actividades que abraçou.
Na verdade, Maria Alzira Ragethy, 53 anos de idade, natural de Mocímboa da Praia, é também criadora de gado bovino, possuindo neste momento com 49 cabeças, para além de 19 caprinos.
- Pedro Nacuo