Cidade de Tete, aos 53 anos
A cidade de Tete está a crescer a ritmos muito acima do previsto pelas autoridades competentes, como aquelas que estão vocacionadas para as estatísticas. A justificação é de que a descoberta de importantes e valiosos jazigos de minerais na província, com particular ênfase para o carvão mineral e a pesca na albufeira de Cahora Bassa, cidadãos de origens diversas, desde nacionais a estrangeiras, afluem àquela região do país, sendo que a capital provincial acaba transformando-se em ponto de convergência multilinguístico-cultural, a exigir do governo autárquico medidas que contribuam para o bem-estar de quem escolheu aquela parcela para sua residência.
Esta foi a questão fundamental apontada por César de Carvalho, presidente do Conselho Municipal de Tete (CMT), na sua mensagem ao município, depois da tradicional cerimónia de deposição de coroa de flores na Praça da Independência, naquilo que foi o ponto mais alto das celebrações dos 53 anos da elevação de Tete à categoria de cidade, este ano sob o lema “Wakula Nyungwe”, ou seja, “Tete cresceu”, acrescido da tradicional “De mãos dadas, desenvolvemos a cidade”.
São 53 anos que apresentam avanços significativos, pelo menos quando se repara para os últimos dez anos, depois da autarcização, período em que os munícipes começaram a “ver” os resultados positivos de uma governação autónoma, como é o caso da municipalidade.
Não se deve, com estas palavras, depreender que as coisas estejam a correr às mil e uma maravilhas na autarquia de Tete. Antes, pelo contrário, quanto mais uma cidade cresce, mais problemas traz e esses problemas são tanto maiores quanto mais rápido for esse crescimento. De acordo com o autarca “se, há anos atrás, possuir um terreno para construir uma habitação ou um pequeno empreendimento não constituía problema, hoje o cenário mudou de forma drástica. Nos dias de hoje, não restam dúvidas que o maior número de audiências com o presidente do Conselho Municipal tem a ver com a procura de terreno para vários fins, com maior incidência para a construção de habitação”.
“E, porque qualquer município possui um solo urbano fisicamente limitado é justo e evidente confessarmos que a nossa cidade ressente-se bastante desse problema. Deste modo, em algum momento chegamos a sentir e a constatar situações de oportunismo e atitude de má-fé, tanto por parte de alguns funcionários do Conselho Municipal como de alguns elementos da estrutura de base nos bairros e dos próprios munícipes” – disse o autarca.
Ele reconhece que “temos registado, ao longo do nosso trabalho, casos de dupla atribuição de terrenos, de ocupação de espaços inapropriados, como sejam, traçados de ruas, pracetas ou rotundas, construções de habitações sem projectos aprovados, bem como de transpasse de terrenos a troco de valores monetários. Para combater estas situações que chegam a pôr em causa a imagem do Conselho Municipal, tem vindo a ser tomadas medidas correctivas e os funcionários envolvidos nestas acções sofreram a instauração de processos disciplinares, tendo alguns deles, de acordo com a gravidade da infracção, sido expulsos”.
O edil saudou especialmente os investidores nacionais e estrangeiros, a quem exprimiu “o apreço e agradecimento pela decisão de fazer da província de Tete e do nosso município, em particular, o destino de preferência”, quando afirma que “os efeitos e impactos trazidos pelos empreendimentos económicos nem sempre correspondem as expectativas. É assim que, apesar do volume cada vez mais crescente de postos de trabalho, continuamos a sentir que a procura também tende a crescer, face ao afluxo de pessoas que, de vários cantos do nosso país e não só, se deslocam a Tete a busca de emprego ou de oportunidades de negócio”.
Por outras palavras, isso significa que o governo da cidade de Tete está perante um constante desafio para responder as exigências cada vez maiores dos que procuram aquela cidade como local de residência, apesar de isso constituir “razões suficientes de se orgulhar, visto que, através dos seus recursos, está dando grande contribuição para alterar, de forma positiva, a balança de pagamentos e a redução do índice de desemprego no país”.
E tudo indica que, paulatinamente, a edilidade está a criar condições para acompanhar o crescimento da cidade. Prova disso é a aquisição de equipamentos para actividades diversas, com destaque para o saneamento, como são os casos de contentores e respectivos camiões para a deposição e remoção de lixo. A este propósito, o presidente do CMT disse que “agora temos 40 contentores, servidos por dois camiões. Ainda este ano e dada a necessidade de expandir este serviço a mais pontos da autarquia, vamos envidar esforços para duplicar o número de contentores e de camiões, por forma a que mais zonas da nossa cidade estejam contempladas com o sistema de recolha de lixo, para reduzirmos as doenças que podem vir da precariedade no saneamento”.
A par disso, foram apresentados novos contentores, de plástico e de porte mais reduzido, mas mais fáceis de remover, porque dispõem de rodas, “exactamente para as zonas onde não é possível fazer circular camiões ou tractores destinados a recolha de lixo”, é mais uma acção destinada a melhorar as condições de vida dos munícipes, segundo as palavras do edil de Tete.
Falando das celebrações do 21 de Março, podemos dizer, sem margem de erro, que se tratou do maior movimento verificado desde sempre. Aliás, foi assim que foi concebido o plano para os festejos dos 53 anos da cidade de Tete. Segundo César de Carvalho, em reunião com as comissões criadas para organizar as movimentações por ocasião desta data, “este dia tem de ser sentido por todos os munícipes”, como viriam a confirmar os diversos cidadãos contactados ontem pela nossa Reportagem na cidade de Tete.
DIÁRIO DE MOÇAMBIQUE – 22.03.2012