TRIBUNA DO LEITOR
Quando, em 2008, a RENAMO perdeu eleições em três municípios de Nampula, Afonso Dhlakama decidiu virar as suas atenções para esta província do Norte do país.
Aparentemente, ele queria compreender melhor as causas da sua derrota, numa província que ele estava convencido que gozava de muito apoio.
Passou todo o ano de 2009 andando de um distrito para outro onde era recebido por uma população que ia aos seus comícios apenas para se divertir com as justificações incoerentes dassuas derrotas. Dhlakama passou a espancar pessoalmente os seus membros e cidadãos inocentes que por distracção se aproximavam dele.
Quando estivesse cansado de espancar pessoalmente ordenava seus homens armados para executarem as torturas ao gosto do líder.
Até espancou um maluco em Liúpo, Mogincual, o que aumentou os rumores de que Dhlakama não só sofre de doenças dos pés mas também que não anda bem da cabeça. Pela táctica das intimidações, Dhlakama esperava conseguir o voto do povo macua, usando a mesma táctica de 1994 – assustando os eleitores com o retorno à guerra para conseguir o voto. Mas tal como os eleitores noutras partes do país, o povo macua em geral e a população de Nampula em particular, em 2009 mais uma vez disseram “NÃO” à RENAMO e ao Dhlakama.
Dhlakama ficou muito irritado. Antes que os resultados oficiais fossem anunciados, o homem correu todo nervoso para Nampula e logo que chegou no aeroporto explodiu, transpirando por todos os poros e com espumas na boca, ameaçando que iria queimar o país num minuto. Na verdade, as ameaças de Dhlakama não eram dirigidas a todos os moçambicanos. O que Dhlakama quis dizer era que ele iria queimar os macuas. Por isso que ele veio para Nampula para dizer isso.
Se o objectivo dele fosse de queimar todos os moçambicanos ele iria anunciar essas intenções a partir da capital do país, Maputo. Mas Dhlakama não fez isso porque o ódio dele é só com os macuas. Ele não odeia os Machanganas, nem os Macondes, nem os Masenas, nem os Machuabos, nem os Manhungues, nem os Nhanjas e muito menos os seus familiares Mandaus. Para Dhlakama, todos os outros povos de Moçambique podem votar em qualquer partido, só os macuas é que devem obrigatoriamente estar amarrados à RENAMO, um partido que já apodreceu e não tem nenhuma credibilidade a começar do seu próprio líder. Para Dhlakama, a democracia que ele diz que é pai, não veio para os macuas. Todos podem viver em liberdade menos os macuas, que ele costuma insultar-lhes chamando-os de escravos.
Dhlakama odeia os macuas, mesmo aqueles que andam a sua volta. Ele manipula aqueles que foram raptados durante a guerra, como o Ossufo Momade, hoje feito general, nomeando-lhe Secretário Geral, só para dar a impressão que ele não discrimina os macuas. Todos sabem que Dhlakama correu com todos os macuas que inconscientemente pensavam que a RENAMO era alternativa. Basta lembrar dos Maiopues, dos Quitines, dos Chimes, dos Muivais, etc, etc... que quiseram ser um bocadinho esperto.
Apenas continuam com ele alguns que sofreram a lavagem do cérebro, grupo Ossufo Momade, Trinta Mecupia, Chalaua, Milaco e um punhado de lambe-botas de Dhlakama que hoje ele usa para forçar seus irmãos macuas para manifestações violentas que resultam em mortes e sofrimento. São estes mesmos lambe-botasque cumpriram as ordens de Dhlakama de forçar os macuas nas manifestações violentas em Montepuez, em Aube, em Mogincual, que resultaram na morte de muitos inocentes.
São estes que Dhlakama usou para obrigar seus familiares a marcharem nus em Mocímboa da Praia. E são estes que Dhlakama confia para levar as manifestações que anda a falar contra a FRELIMO. E como é claro, quando Dhlakama fala de manifestações, a ideia dele é a mesma – sacrificar os macuas.
Ele nunca há-de fazer manifestações em Maputo, nem na Beira, nem em Tete, nem em Quelimane. O único povo que ele odeia são os macuas. Por isso transformou a cidade de Nampula numa base militar. Ele não hesitou nem teve vergonha em transferir centenas dos seus homens armados de Maringue para a cidade de Nampula. Pelo ódio e falta de consideração que ele tem para com os macuas, Dhlakama acha que o mato de Maringue é igual à cidade de Nampula. Para Dhlakama acumular homens num cubículo da cidade de Nampula a comer e a cagar nos quintais das pessoas ou na rua é a mesma coisa ter esses homens nas matas de Maringue. Por causa do seu ódio e desrespeito para com os macuas, Dhlakama não encontra nenhuma diferença entre as flores da Rua das Flores em Nampula com os arbustos e as árvores da floresta cerrada da Gorongosa.
Para ele, fazer guerra no mato e na cidade não há diferença, basta ser uma cidade habitada pelos macuas porque para ele a vida dos macuas não vale nada. Dhlakama ficou satisfeito que os seus guerrilheiros tenham mortos sete pessoas que o senhor Ossufo Momade disse em comunicado de imprensa tratar-se de agentes da polícia. Como a polícia só confirma a morte de apenas um membro, isto quer dizer que os homens de Dhlakama mataram seis pessoas inocentes, macuas de certeza.
E o senhor Secretário Geral da RENAMO está contente pela morte dos seus irmãos a mando do seu líder. E já anunciou que neste momento Dhlakama está a organizar mais de mil homens armados para serem despachados para cidade de Nampula afim de massacrarem mais e mais macuas.
A conclusão é óbvia: Dhlakama odeia os macuas. Está claro que a única resposta sensata que os macuas podem ter, é mostrarem a este homem que ele não serve para nada e, não lhe darem nem sequer um voto. Se for um homem que ainda tem alguma vergonha na cara, talvez assim ele há-de arrumar as suas malas e ir se embora para a sua aldeia lá para as bandas de Maringue, Chibabava ou onde quer que seja! E as eleições já estão aí à porta. Molide Vulai
WAMPHULA FAX – 20.03.2012