Salvador Namburete confirma negócio de 7,5%, mas diz faltarem detalhes.
Moçambique fechou o negócio de compra de metade dos 15% que Portugal controla na HCB. As autoridades querem, contudo, ir mais longe e propõem a compra de todo o capital luso.
O governo moçambicano fechou ontem, em Lisboa, o negócio de compra de 7,5% do capital da Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB), controlado pelo governo português.
Uma fonte ligada ao processo, que assegurou ao “O País” esta informação, revelou que as partes trabalham, agora, nos detalhes do dossier, e que deverão elaborar um comunicado dando conta da conclusão do negócio.
A equipa de negociadores moçambicanos é liderada pelo ministro da Energia, Salvador Namburete, que se faz acompanhar, entre outros, pelo seu director nacional de Energia, Pascoal Bacela, e pelo administrador financeiro da HCB, Max Tonela.
Tonela é uma peça-chave neste processo, tendo em conta que é também administrador para a área Financeira da Companhia Eléctrica do Zambeze (CEZA), empresa criada para gerir a HCB, pouco antes da reversão para as mãos dos moçambicanos.
O ministro da Energia foi cauteloso quando contactado pelo “O País” a partir de Lisboa. Salvador Namburete confirmou a existência de consenso na alienação dos 7,5%, mas prefere falar “quando todos os detalhes estiverem fechados”.
Explicou que, até aqui, foram levados à mesa de negociações apenas 7,5% dos 15% detidos por Portugal. Aliás, é isto que o memorando de entendimento que regula este negócio estabelece: a divisão ao meio dos 15% entre Moçambique e Portugal.
Só que as autoridades nacionais querem ir mais longe. A própria Assembleia da República de Moçambique recomendou ao Ministério da Energia para convencer os portugueses a venderem todos os 15%.
“A perspectiva é de ficar com os 15%, mas ainda não estamos a esse nível de negociação. Estamos a negociar só os 7,5%”, afirmou o ministro da Energia.
A nossa fonte garante, contudo, que Moçambique foi a Lisboa com uma proposta para ficar com toda a parte gerida por Portugal. Essa negociação deverá avançar assim que estiver selado o negócio dos primeiros 7,5%.
Factor Passos Coelho
O primeiro-ministro português, Passos Coelho, é determinante para o fim deste dossier. O dirigente português deveria ter visitado Moçambique nos dias 15 e 16 deste mês, mas a agenda não o permitiu.
A braços com uma crise financeira profunda, mas sobretudo devido à realização do congresso do Partido Social Democrático (PSD), de que é presidente, Passos Coelho cancelou a deslocação ao país.
A vinda do dirigente português tinha em vista desbloquear o impasse, que veio à superfície na cimeira luso-moçambicana, realizada em Novembro do ano passado, em Lisboa.
O PAÍS – 28.03.2012