O GOVERNO moçambicano não descarta a possibilidade de uso do rio Zambeze para o escoamento do carvão mineral, contudo entende que nas condições actuais tal não é possível. Fonte do Executivo disse ao “Notícias” que a proposta apresentada pelo investidor contém questões ambientais fortemente degradantes as quais não foram claramente mitigados.
Em declarações ao nosso matutino a fonte garantiu que a navegabilidade dos rios é desejo do executivo que tem na sua estratégia a hipótese de se utilizar os rios como meios de transporte porque são mais baratos e com poucos riscos caso as operações sejam bem feita.
“Em relação ao Zambeze não dissemos que não se pode navegar como se tem vindo a dizer por aí, o que dissemos é que para navegar o rio para escoar o carvão seriam feitas operações com impacto ambiental deprimente, mas o estudo não responde a questões importantes, sobretudo, para a mitigação desses aspectos”, disse.
Na ocasião, a fonte escusou a referir em concreto aos aspectos que o Governo está a tomar em consideração para não autorizar a navegabilidade do rio Zambeze, sobretudo para as operações de escoamento do carvão.
Entretanto, o nosso jornal soube que a proposta apresentada pelo investidor, refere-se à possibilidade de uma dragagem do rio, contudo não aponta o destino a dar aos solos a serem extraídos.
“Como sabe quando há uma dragagem dos portos, os solos que são retirados são depois usados para a extensão dos terminais, mas no caso concreto deste projecto do rio Zambeze, não se indica onde se vai depositar tais solos”, sustentou a nossa fonte.
Outro aspecto é que a dragagem pode ter impactos sobre a actividade pesqueira que como se sabe é fonte de sobrevivência de muitas famílias que vivem ao longo do rio Zambeze. Significa que o estudo devia indicar as alternativas para a sobrevivência dessas populações o que pode passar até pela necessidade de construção de tanques para a piscicultura o que também não existe.
Outro ponto não menos importante relaciona-se com a disponibilidade de água para a navegação dos barcos tendo em conta que o governo projecta construir à montante do rio Zambeze a barragem de Mphanda Nkuwa que de alguma forma vai significar a retenção de parte de água disponível à jusante do rio Zambeze. “Esses são alguns exemplos e não todos que não foram acautelados”, disse.
A fonte acrescentou que o mais importante neste momento é que se entenda que o governo não está contra o escaomento do carvão por via do rio Zambeze, mas sim que essa operação não pode ser feita a qualquer custo.
O nosso interlocutor frisou ainda que mesmo que as questões ambientais estivessem resolvidas significa que o governo teria que abrir o rio Zambeze para escoar carvão não para uma empresa, mas sim para todas as companhias que eventualmente queiram o fazer e se assim acontecesse implicaria que o executivo tivesse uma autoridade fluvial para regular as velocidades, drenagens, a fiscalização, para que tudo corra a contento.