OS combatentes da luta de libertação nacional não querem ser confundidos, em nenhum momento, com aqueles que, a soldo de forças externas, pegaram em armas para desestabilizar o país sob pretexto de instalar a democracia.
No seminário ontem promovido, no Maputo, pelo Ministério dos Combatentes para a capacitação dos palestrantes em matéria da divulgação da história da luta de libertação nacional, John Kachamila, combatente e antigo ministro dos Recursos Minerais, afirmou que a proclamação da independência foi um momento único e que os libertadores da pátria não devem ser confundidos com os chamados combatentes da democracia.
Segundo John Kachamila, durante a luta armada de libertação nacional, a FRELIMO criou no seio dos guerrilheiros uma cultura de comportamento e ética próprios, bem como uma visão clara de que a guerra que estava sendo travada não era contra os portugueses mas sim contra o regime colonial-fascista.
“O combatente da luta de libertação nacional não tinha intenção de matar por matar”, disse Kachamila, falando sobre o tema “o combatente como exemplo na sociedade e inspiração na busca de soluções para os desafios actuais do país”.
Indicou que durante o processo, para além da sua missão de combater, os guerrilheiros da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) conviviam com a população e realizavam actividade produtiva.
Disse que para além do principal desafio que era libertar o país, a FRELIMO tinha consciência de que a pobreza deveria ser combatida. “O combatente da luta de libertação nacional ama o seu país, está pronto a sacrificar a sua vida pelo país. É um homem que pondera os assuntos, não se agita”, afirmou John Kachamila, sublinhando que o combatente sabe dialogar para a busca de soluções aos seus problemas.
Tal como foi durante a luta de libertação nacional, os desafios actuais são também inerentes ao combatente.
No debate do tema, Francisco Cabo afirmou que os libertadores da pátria se distanciam das várias denominações de combatentes. Para Francisco Cabo, o combatente da luta de libertação nacional sempre marcou diferença em todos os momentos e locais onde se encontra.
Essa diferença, segundo afirmou, reside no facto de o combatente ter uma certa disciplina e estar convicto dos princípios políticos da FRELIMO. “Sempre pautamos por uma cultura de respeito pela vida humana”, disse.
Um outro combatente da luta de libertação nacional interveio na sessão afirmando que a FRELIMO sempre apregoou a democracia. Questionou a aprovação pela Assembleia da República do Estatuto do Combatente reconhecendo os alegados combatentes da democracia.
O secretário da Associação dos Combatentes da Luta de Libertação Nacional esclareceu que a aprovação pela Assembleia da República da denominação combatente da democracia foi no espírito da reconciliação. Segundo afirmou, os combatentes da luta de libertação nacional devem aceitar o convívio pacífico com outros combatentes. Disse que o Estatuto do Combatente prevê algumas regalias específicas aos libertadores da pátria.
Esforço deve ser desencadeado pelos combatentes da luta de libertação nacional no sentido de levar os combatentes da democracia sobre a necessidade de se viver em paz e harmonia no país.
Os participantes do encontro apelaram para que no processo da divulgação da história da luta de libertação nacional os palestrantes usem um discurso uniformizado, para que não haja espaço para qualquer especulação ou interpretação errónea dos factos.
Entretanto, três outros temas foram apresentados no seminário, nomeadamente “o papel das palestras na elevação do espírito patriótico e de cidadania”, pelo combatente António Hama Thay, “formas de coordenação e realização das palestras”, pelo combatente Vicente João Koveke, e “apresentação do guião de palestras”, pelo combatente Domingos Muyambo.