A UNIÃO das Associações dos Agricultores no Regadio do Chókwè (UNAR) manifestou a sua inquietação face ao que considerou de flagrante e inconcebível ausência de cultura de trabalho no seio de muitos jovens naquela região agrícola.
Segundo Atanásio Taela, presidente daquela agremiação, urge que se faça algo para que pessoas em idade activa para o trabalho continuem a deambular pelas artérias do Chókwè e periferia, sem ocupação útil à sociedade, para que aproveitem as oportunidades localmente existentes, numa altura em que se nota enorme falta de mão-de-obra nos campos para realização de actividades como a sacha, lavouras, colheita, entre outras.
Taela disse ser intolerável continuar-se a assistir à gritante falta de recursos humanos de apoio à produção agrícola no Chókwè, num quadro em que muita gente acha encontrar formas de sobrevivência comercializando nas esquinas e passeios uma série de quinquilharias.
“Preocupa-nos o facto de estar a ser uma prática corrente assistirmos a situações em que jovens nas aldeias que deviam estar a dar o seu contributo para o desenvolvimento, se envolvem em casos de roubo de patos, galinhas e outras coisas mesquinhas, ao invés de terem no amanho da terra o orgulho de produzirem riqueza para si e para as suas famílias”, disse Taela.
Segundo a nossa fonte, a falta de mão-de-obra no Chókwè, ano após ano, está-se tornando num verdadeiro drama, facto que obriga os agricultores locais a recorrerem à prestação de serviços, designadamente, em zonas como Mandlakazi e Chibuto.
Contudo, em relação à crise que se assiste causada pela falta de tractoristas qualificados para a realização de operações culturais, o nosso entrevistado disse tal estar a verificar-se por falta de iniciativas de formação direccionada particularmente a esta classe de trabalhadores.
De acordo com o presidente da União dos Agricultores, a crise instalou-se na sequência do desmantelamento do Complexo Agro-Industrial do Limpopo (CAIL) há pouco mais de duas décadas, e não terem sido encetadas posteriormente novas acções de treinamento de tractoristas.
Contudo, segundo a nossa fonte, tendo em vista colmatar-se esta situação, e em coordenação com os gestores do regadio do Chókwè, em breve este trabalho terá lugar.
Entretanto, ainda de acordo com a nossa fonte, a propósito do processo de ceifa de arroz em curso desde Março, e depois de contornados os diversos obstáculos que caracterizaram a campanha de produção de arroz no regadio do Chókwè, designadamente os problemas decorrentes das chuvas ciclónicas que provocaram inundações e perda de cerca de 300 hectares daquela cultura, e para além da tardia disponibilização de fundos para a realização da safra 2011/2012, os agricultores mantêm vivas as esperanças de nos pouco mais de 4200 hectares de arroz em campo obter rendimentos que deverão se situar entre 4 a 6 toneladas por hectare.
“Mesmo com a chegada relativamente tarde dos fundos, os produtores do Chókwè, que arrancaram com meios próprios para a realização da campanha de produção de arroz, receberam recentemente valores que irão contribuir para a aquisição de herbicidas, que irão prestar um contributo bastante valioso para o desenvolvimento sadio do arroz em campo”disse Taela.
Mais fundos, entretanto, são ainda aguardados em breve para o financiamento do trabalho dos guarda-pássaros.
Trata-se de uma praga do pardal de bico vermelho, que continua a ser uma preocupação muito grande no seio dos agricultores no regadio de Chókwè, que, mesmo assim, aguardam de quem de direito acções práticas que concorram para que o esforço dos produtores não seja minado por esta calamidade.- VIRGÍLIO BAMBO