Maioritariamente importado da Namíbia
Moçambique gasta, por ano, cerca de 40 milhões de dólares na importação de perto de 43 mil toneladas de pescado diverso. Os países fornecedores são vários, sendo o principal a Namíbia.
Em contrapartida, o país consegue exportar cerca de 13 mil toneladas de pescado diverso, o que representa em termos de rendimento cerca de 70 milhões de dólares. Falando ontem, em Maputo, na sequência da visita do Presidente da Namíbia, Hifikepunye Pohamba, ao Porto de Pesca de Maputo, o ministro moçambicano das Pescas, Victor Borges, referiu que, do total de pescado importado pelo país, 38 mil toneladas são provenientes de Namíbia.
A fonte referiu que, para além das quantidades importadas daquele país, Moçambique tem permissão para capturar o equivalente a oito mil toneladas de peixe carapau nas águas territoriais namibianas.
Com os acordos assinados quinta-feira em Maputo, pretende-se que a Namíbia aumente a quota de carapau a ser pescado por armadores nacionais na zona económica exclusiva namibiana.
O ministro referiu que já está em curso um trabalho com vista a mobilizar o empresariado nacional a envolver-se cada vez mais neste negócio, quer através de “joint-ventures” com companhias namibianas quer individualmente.
“Fixamos as quotas e agora o próximo passo é ver como o aproveitamento dessas quotas é feito. A Namíbia vai promover em Junho uma conferência sobre pescas e Moçambique estará presente, através dos empresários, de modo a acertar os mecanismos para um maior aproveitamento das quotas oferecidas pelos dois países”, disse Borges.
Acrescentou que neste momento Moçambique tem dez empresas que se dedicam à importação do carapau namibiano. O que se pretende com os acordos agora rubricados entre os governos dos dois países é que empresas namibianas possam envolver-se também na importação e captura de peixe e mariscos em águas territoriais moçambicanas e vice-versa.
“Com o sentido de amizade e cooperação que nós criamos, isto vai tornar-se possível. É só uma questão de tempo”, disse.
Victor Borges referiu que as exportações de peixe de Moçambique para a Namíbia são insignificantes neste momento e um dos objectivos que se pretende atingir com estes acordos é procurar mais espaço para colocar o pescado nacional naquele país.
Paralelamente, o ministro das Pescas anunciou que a Namíbia está interessada em explorar a estrutura portuária moçambicana, não só para o sector pesqueiro mas também para outras áreas. Também quer que seja estabelecido e promovido o corredor Maputo-Walvis Bay (o maior porto namibiano), de modo a que seja usado para o transporte de produtos provenientes dos dois países para o mundo e vice-versa.
Recentemente o ministro das Pescas namibiano visitou os portos da Beira e Quelimane e mostrou interesse em que os operadores namibianos passem a usar estas infra-estruturas.
Para além de visitar o Porto de Pesca de Maputo, o Presidente namibiano, Hifikepunye Pohamba, depositou ontem uma coroa de flores no monumento dos Heróis Moçambicanos e recebeu a chave da cidade de Maputo, entregue pelo presidente do Conselho Municipal local, David Simango.
Na altura, referiu que a entrega da chave da cidade de Maputo constitui “uma demonstração da irmandade que os dois povos têm e que vem desde os tempos da luta pela independência” do seu país.
Por seu turno, o edil de Maputo, David Simango, realçou que, através da entrega da chave da cidade ao estadista namibiano, revela-se a confiança que os moçambicanos depositam nele e o reconhecimento pelos esforços desenvolvidos na erradicação da pobreza no seu país, na consolidação da democracia e da paz, bem como no respeito pelos direitos humanos.
Referiu que, com a entrega da chave, o Presidente Hifikepunye Pohamba e esposa e respectiva comitiva podem visitar a capital do país “a qualquer momento”.
DIÁRIO DE MOÇAMBIQUE - 31.03.2012