Uma contenda entre a multinacional OLAM-Moçambique e os camponeses que operam no regadio de Tewe, no distrito de Mopeia, na província central da Zambezia, ameaça o acordo de parceria estabelecido pelas duas partes interessadas na produção de cereais, particularmente no arroz.
O entendimento com OLAM-Moçambique, que está a investir no aumento da produção de arroz em alguns distritos da província da Zambézia, foi possível graças a intervenção do governador da Zambézia, Itai Meque, quando a associação local estava a avançar para a rescisão de contrato.
A multinacional, segundo o jornal “Diário de Moçambique”, propôs-se no referido vínculo a garantir a irrigação dos campos de camponeses para receber em compensação uma contribuição correspondente a cinco por cento de produção alcançada na área de cultivo.
Todavia, a associação dos camponeses, que esperava somente receber incentivos da OLAM, pelo facto de estar a explorar os recursos naturais locais (solo e recursos hídricos), indignou-se com a exigência e, em retaliação, exigiu a devolução das suas terras, actualmente aproveitadas pela multinacional no cultivo de arroz.
No meio da crise, conforme relatos feitos no encontro com o governador da Zambézia, a OLAM reagiu com arrogância, ameaçando desestabilizar a campanha agrícola dos camponeses, cujo sucesso dependia de um sistema de irrigação improvisado pelo operador, face às deficiências do regadio de Tewe, que ainda continuam insuperáveis.
Com a campanha comprometida, como resultado dos problemas de irrigação, Itai Meque teve que persuadir os camponeses a submeterem-se às condições impostas pela OLAM, alertando sobre o risco de subaproveitamento das terras se desalojassem a multinacional, pois na parceria tem a vantagem de possuir capital financeiro e meios tecnológicos de produção.
“O problema da associação é querer fazer agricultura sem qualquer custo e isso não é possível, porque a OLAM ajuda em muitos aspectos, não pagam água e ainda recebem 45 mil meticais de arrendamento dos armazéns”, disse Meque, num breve encontro com os camponeses.
“Pode ter terras, mas se ficam só cobertas de capim, só para dizer isto é tudo meu… isto é meu…enquanto não está explorar, não significa quase nada”, observou.
A presença da OLAM no sector produtivo abriu oportunidades de emprego, no distrito de Mopeia, havendo um total de 50 trabalhadores efectivos e 507 eventuais nos campos agrícolas.
Apesar de aparentemente significativo este impacto social para um distrito que está a reerguer-se no desenvolvimento económico e abertura de postos de trabalho, a população vive uma desilusão, queixando-se de humilhações no seu relacionamento laboral com a multinacional.
As mulheres manifestaram seu descontentamento em reunião realizada com a comitiva de Itai Meque, afirmando que preferiam sucumbir na amargura do desemprego a serem espezinhadas nos campos de produção sujeitas a metas estipuladas para remuneração por dia.
Dentre outras coisas que disseram que não suportavam mais o emprego proporcionado pela OLAM, tais como arrogância e modalidades de remunerações, que e’ em função da tarefa realizada por dia.
A OLAM-Moçambique e’ uma companhia subsidiária da OLAM International, uma companhia com sede em Singapura.
MAD/SG
AIM – 30.03.2012